Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Meu pai e o sapo Joaquim



Na casa de Miguel Pereira, meu pai cria seis sapos. Joaquim é o mais velho e, há poucas semanas, foi salvo de uma vassourada da faxineira por seu protetor:
_ Os sapos aqui podem entrar e sair de casa à hora que quiserem!, bradou meu pai, pegando Joaquim nas mãos em concha, transbordante de carinho, e levando-o para longe da faxineira em choque.
Nem nossos cães se atrevem com os sapos de meu pai. Eles reconhecem os anfíbios como amigos, cordialidade não extensiva a pequenos marsupiais, roedores, aves e répteis de espécies em vias de extinção - para nosso horror, registre-se. Cães muitas vezes carecem de bom senso, por mais inteligentes que sejam.
Um dia eu estava numa festa onde crianças chutavam um sapo no jardim. Tínhamos entre 13 e 14 anos. Por causa do pai que tenho, voei como uma águia, com pau e pedras pra cima dos meninos que vandalizavam o animal; agarrei-o entre as mãos e xinguei seus algozes de tudo quanto é nome feio. Sugeriram, por puro despeito, que eu beijasse o sapo para ver se ele viraria príncipe. Não beijei, mas confesso já ter me apaixonado por alguns sapos (que arrotavam, inclusive, como sapos de verdade!) que viraram príncipes. E por príncipes que viraram chatos.

A foto acima foi feita de perfil para que o flash não incomodasse o Joaquim. Meu pai Francisco, protetor de verdade dos animais que estão ao nosso alcance, do molusco de alface à saíra, não sabe o quão sensível ao flash é a retina dos sapos, então não quis arriscar. Feliz aniversário, papito.