Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, dezembro 13, 2005

A mulher de 33 e seu homem eterno.


Eu tinha 14 anos quando descobri Vinicius de Moraes. Embora na ocasião ele já estivesse morto, era como ele estivesse me descobrindo, e não eu a ele. Vinicius me conhecia profundamente bem. As coisas que ele me dizia faziam todo o sentido, e as dores que eu sentia encontravam nele a exata tradução, a exata dimensão e o dignóstico definitivo: aquele rio de lágrimas, aquele oco no peito, aquela vertigem... aquilo tudo era amor. E o amor, vocês sabem: só é bom se doer.

Acabo de voltar do cinema em êxtase: "Vinicius" me fez reviver meu grande amor dos 14 anos em diante. Desta vez, contudo, eu conheci o Poeta em seu habitat natural: a leveza. Não que ele não tivesse dores pesadíssimas de amores, mas hoje compreendi que o peso não o acompanhava justamente porque ele escrevia pra se livrar. E sabia viver, o danado! Só sabia viver apaixonado. E, convenhamos, viver sem paixão é viver em preto em branco, no máximo em sépia; sem cheiros, sem taquicardias, e sem os sabores que só os temperos de amores conseguem propiciar.

Talvez eu escreva pelo mesmo motivo do Vinicius: pra me livrar. Não quero formar opinião. Não quero gerar polêmica. Só quero exorcisar o que em mim não cabe mais.

Vinicius, eu te amo. Vinicius, eu te Moraes.