A mulher de 33 e os homens geneticamente viáveis.
A mulher de 33 aprecia a companhia masculina, mas não faz disso um alicerce de sua felicidade. Pra falar a verdade, ela precisa do homem enquanto portador de gametas geneticamente viáveis, mas imagina que pegaria muito mal revelar a todo o gênero masculino esse rótulo tão pouco lisonjeiro. A fêmea de 33 tem um sensor aguçado praquilo que pode e não pode dar certo. Ou seja: ela sabe dar certo. Isso muitas vezes faz com que a mulher de 33 atravesse longos períodos em total abstinência sexual. Nossa heroína, contudo, quase nunca desanima. Se tem uma coisa que a mulher de 33 tem, essa coisa é fé. Devota de Santo Expedito, Santo Antônio, São Francisco, Yemanjá e Oxum, ela também joga semanalmente na mega sena, pois acredita piamente na máxima do "azar no jogo, sorte no amor" e vice-versa. Ou seja: a mulher de 33 sabe que um dia arrumará um macho viável ou ganhará na mega sena. O que vier é lucro, muito embora a mulher de 33 desconfie levemente que talvez a mega sena seja mais vantajosa na atual conjuntura, pois a ciência tornou a mulher moderna e rica de 33 anos numa criatura potencialmente hermafrodita. A mulher de 33 não acharia nada de mais procurar gametas viáveis num catálogo VIP de banco de esperma. Muita gente faz isso hoje em dia, ué. A mulher de 33 já até pensou no que vai dizer pros seus trigêmeos de proveta quando eles perguntarem sobre "papai", esse ser tão mitológico quanto o coelhinho da Páscoa ou o Papai Noel:
"O que dizer de papai? Ele era o frasco mais limpinho de todos. Papai era um
frasquinho muito caprichoso, um verdadeiro encanto enquanto frasco."
A mulher de 33 perde o amigo, mas não perde a piada.
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