Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Matar cachorro a grito, ser fêmea de cupim


Não sei porque cargas d'água me ocorreu Rubem Braga.

Fim de ano me deixa nostálgica. E tensa, muito tensa. Muitas coisas por fazer, muitas confraternizações (e eu gosto muito de cachorro), mil compromissos sociais, nada de compromisso com horário entre os dias 22 e 31, que o irmão vem da Bahia pras festas, e que tipo de presente agradaria um guri de três anos e meio do tipo que diz "me dê", em vez de "me dá"... enfim. Eu gosto demais de cachorro e já estou aqui, ó... me segurando pro ano acabar, que o ano acaba já-já, e logo vem carnaval, e logo o sono volta, e logo a vida volta ao normal.

Mas minha agenda parece não compreender o meu limite de humanidade. Eu sou um ser humano, que por acaso gosta muito de cachorro, mas que precisa fazer bainha na calça, uma endoscopia, limpeza de pele, unhas, depilação e, ainda por cima, precisa urgentemente encontrar um Papail Noel free lancer que possa passar em Botafogo por cinco minutinhos apenas na noite do dia 24, que meu sobrinho não pode nem conceber que Papai Noel seja uma das identidades secretas de seu pai, meu irmão, o pior Papai Noel de todos os tempos, mas isto não vai se repetir se depender de mim. Porque eu gosto muito de cachorro. E nunca, em toda a minha vida, eu matarei um cachorro a grito, embora eu esteja entrando naquela fase pré-histérica do ano, na fase da disfonia de tanto xingar o próximo no trânsito QUE NÃO ANDA UM MILÍMETRO! É quando meu nível de malcriação, como o do Stitch da Lilo, beira o crítico-máximo-transbordante. E aí, eu grito. A professora de técnicas de comunicação disse hoje que eu grito. Eu falo alto mesmo. Talvez eu seja meio surda. Sorte dos cães se fossem todos meio surdos, pois assim não teriam de ouvir as baboseiras do poder público sobre focinheira e política de promoção e defesa dos animais. Viva a saracura sem alça! Viva a ave rara que só se reproduz com o dinheiro público que devia ser direcionado pro cachorrinho e pro gatinho que uns e outros desprezam.

Já sei porque me ocorreu Rubem Braga. Mas não posso dizer em público, porque estou em estágio probatório neste blog.