Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

segunda-feira, julho 24, 2006

A grande muralha


Hoje encontrei uma amiga sua, daquelas de infância. Gosto dela como se fosse você, minha irmã, mas não é a mesma coisa. Ela pede notícias suas e eu sempre fico constrangida de dizer que não sei, nunca mais ouvi sua voz, meus e-mails nunca têm resposta. Digo, entre sorrisos, que você é uma grande cretina arredia e mudo de assunto, pra que ela não perceba minha dor de tê-la exilada. Conversamos sobre outros assuntos e, quando ela sai, fico sozinha com minha saudade de você. Uma saudade que só aumenta com o tempo, uma dor que só piora com os anos e os filmes que falam sobre o amor de uma irmã pela outra. O amor, o ódio, a competição, a cumplicidade, a amizade e todas essas coisas que nunca mais tivemos, desde que você fugiu e construiu atrás de si essa grande muralha. Uma muralha descomunal e intransponível, através da qual só conseguimos falar sobre economia, música e a previsão do tempo. O tempo, esse algoz que deixa cicatrizes, nunca voltará atrás, mas ainda há tempo para tentarmos resgatar nossa história de amor e cumplicidade; de respeito e admiração. Desconfio, não tenho certeza, que ainda há tempo de voltarmos a ser irmãs. Desconfio, não tenho certeza, que ainda posso corrigir o que quer que eu tenha feito de errado.

Se ao menos você me dissesse, mas você não diz nada, onde foi que eu errei.