A grande muralha
Hoje encontrei uma amiga sua, daquelas de infância. Gosto dela como se fosse você, minha irmã, mas não é a mesma coisa. Ela pede notícias suas e eu sempre fico constrangida de dizer que não sei, nunca mais ouvi sua voz, meus e-mails nunca têm resposta. Digo, entre sorrisos, que você é uma grande cretina arredia e mudo de assunto, pra que ela não perceba minha dor de tê-la exilada. Conversamos sobre outros assuntos e, quando ela sai, fico sozinha com minha saudade de você. Uma saudade que só aumenta com o tempo, uma dor que só piora com os anos e os filmes que falam sobre o amor de uma irmã pela outra. O amor, o ódio, a competição, a cumplicidade, a amizade e todas essas coisas que nunca mais tivemos, desde que você fugiu e construiu atrás de si essa grande muralha. Uma muralha descomunal e intransponível, através da qual só conseguimos falar sobre economia, música e a previsão do tempo. O tempo, esse algoz que deixa cicatrizes, nunca voltará atrás, mas ainda há tempo para tentarmos resgatar nossa história de amor e cumplicidade; de respeito e admiração. Desconfio, não tenho certeza, que ainda há tempo de voltarmos a ser irmãs. Desconfio, não tenho certeza, que ainda posso corrigir o que quer que eu tenha feito de errado.
Se ao menos você me dissesse, mas você não diz nada, onde foi que eu errei.
Se ao menos você me dissesse, mas você não diz nada, onde foi que eu errei.
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