Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Para ficar na pele, como tatuagem.



Tomei coragem e fiz, enfim, aquilo que eu sempre disse que jamais faria. Aliás, eu sempre enchi a boca pra dizer que achava ridículo uma pele flácida e desbarrancada com uma tatuagem datada -- como se não fosse redundante a associação (às avessas), não só minha, mas geral, de tatuagem com juventude. Como se fosse até proibido envelhecer.

Eu pensava (e penso ainda) que deve ser estranho aparecer num álbum de família, cercada de bisnetos, com uma tatuagem aparente; imagino meus netos engomadinhos, as crianças de cabelo repartido, e eu lá, cheia de rugas, sem alguns dentes (mas com algumas próteses), o cabelo ora roxo, ora rosa (que o branco dá asas à imaginação) e uma tatuagem no ombro; como se tudo tivesse passado, menos aquele pedaço da minha pele. E de repente, pensando nisso tudo, achei que seria bom ter uma tatuagem. Por todos os motivos que sempre me desmotivaram a ter uma: porque eu finalmente me convenci de que não é vergonhoso envelhecer com sinais evidentes de que fui jovem um dia, ou de que já houve um tempo em que a idéia da morte ou da decrepitude não me tirava o sono.

Foi assim, por fim, que resolvi tatuar algo que sempre terá a ver comigo: uma patinha de cachorro e uma inscrição em latim (já que é pra ficar datado, que seja escrito numa língua morta): semper fidelis (fiel para sempre). Tem a ver com minha profissão, com minha fidelidade canina, com meu amor aos peludos em geral, e fica do lado esquerdo do meu corpo: o lado anatomicamente correto pro coração.

O Jacob foi comigo, segurou minha mão o tempo todo, muito embora eu só tenha precisado esmigalhar os dedinhos dele no finalzinho, pois estava passando o efeito da pomada anestésica que usei uma hora antes. Ele fotografou tudo e resolveu fazer uma tatuagem também, neste sábado. De repente faremos outra, do tipo "super gêmeos, ativar!", algo que só faça sentido com a pele de um colada a do outro. Mas ainda estamos pensando sobre isso. Nem parece, eu sei, mas a gente só se conhece há 26 dias. E tatuagem dura um pouquinho mais que isso.

So I hope!