Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Sobre pássaros e abelhas

Esta TPM veio com gás total: meu verbo é sofrer-morrer-ou-matar-o-primeiro-que-aparecer. Sofri a morte do pai de uma amiga como se tivesse sido meu próprio pai (qualquer um dos meus dois). Liguei pra ela, que estava no velório, com a voz toda alegrinha, num clima de "e aê, beleza?", ao que ela disse que não, que estava enterrando o pai. E, diante de minha crise convulsiva de choro, tenho grande vergonha de dizer, a moça cujo pai estava sendo velado ainda teve de me consolar.


Só achei que fosse mesmo TPM depois de passar 5 dias ao lado de um bofe lindo, bronzeado e vidrado em mim e pensar, rosnando entre um sorriso forçado e outro: "Ah, seria tão bom se ele voltasse pra Dinamarca hoje!..." Aí eu marquei consultas, coisa que faço sempre que estou estressadíssima: limpeza de pele no sábado, depilação em seguida e, na segunda-feira, fonoaudióloga (uma espécie de joelhaçoterapeuta da voz rouca), angiologista (uma espécie de joelhaçoterapeuta das microvarizes que só eu vejo com minha própria lupa) e joelhaçoterapeuta de verdade.

Aí, sim: eu fiquei mansinha. Só um half day spa no Nirvana poderia me deixar menos hiperestésica, mas, sob essas circunstâncias tão adversas, acho que só uma boa noite de sexo selvagem resolveria meu problema. Aí eu chego em casa, pronta pra me livrar da TPM da maneira mais carnal possível, e encontro o dinamarquês cheio de problemas: foi atropelado por um táxi de bicicleta, foi recusado por um membro do Hopistality Club, não encontrou o Hortifrutti (onde ele compraria hortaliças pra fazer um jantar), não fez o jantar que prometeu e ainda por cima não está no clima ideal pro romance (if you know what I mean). Rolou uma DR (discussão da relação). Depois de ouvir tudo quase atentamente, mas semi-puta de vida, o mandei abrir a boca e pinguei em sua goela minhas gotas de florais pra TPM. E mais uma de Rescue Remedy pra garantir. Dei essência de gerânio e ylang-ylang pra ele cheirar (também antídotos contra TPM, e olha que este é o primeiro homem que eu conheço com TPM!!!). E o Great Dane dormiu como um bebê.

E eu tenho certeza que esta é a pior TPM da minha vida, porque além de contagiar um homem com ela (fato científico-histórico inédito), hoje vi dezenas de bebês em minha frente. E todos olharam pra mim, sorriram e deram tchauzinho, o que é foda pra uma mulher que ainda não tem seus próprios rebentos remitentes de tchauzinhos; e, a cada tchauzinho, meu útero gritava, as lágrimas jorravam dos meus olhos e minha TPM urrava; e eu tive toda certeza do mundo de que eu nasci pra ser mãe. Infelizmente, tenho essa estranha sensação de que serei mãe solteira. Porque eu ainda não conheci um homem neste mundo de meu Deus que pudesse sobreviver, por meses a fio, ainda que nove meses, à minha TPM (que independe de hormônios: é coisa lunar mesmo). E se o homem tiver TPM ele mesmo, que volte logo pro país escandinavo de onde veio e pronto.


Acho que cheguei num estágio em que a fertilização in vitro é muito mais do que uma forma de engravidar: é a única! Preciso falar com o Oscarito Niemeyer urgentemente. Se eu não tiver um esperma viável pra chamar de meu, vou virar uma serial killer em dois tempos. Escrevam o que estou dizendo. Ou eu engravido antes do 36, ou fudeu pra sociedade como um todo (sem trocadilhos, por favor, que quando estou em TPM eu fico séria pacas).