Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, janeiro 01, 2006

Obrigada, 2006.

Foto: Jussara Razze (obrigada pela linda homenagem, Ju, amei!)


Amigos, me perdoem: eu não consegui ligar pra ninguém ontem para desejar feliz ano novo. Primeiro porque passei a virada na Av. Atlântica, onde milhares de pessoas com celulares GSM congestionavam as antenas da TIM e da Oi, segundo me convenceram (estavam tentando me convencer a aproveitar a festa por pura pena de ver aquela criaturinha de branco discando e discando, psicamente, sem sucesso). Depois de muito sacrifício, consegui falar com minha avó; chorei pra caramba porque - eu já estava meio alta - aparentemente minha vó não me ouvia dizer: "Vó, tá me ouvindo? Eu te amo, vó! Tá me ouvindo?", o que só retroalimentava o rio de lágrimas.
Mas nem tudo foi chororô na despedida de 2005. Fui vestida de mãe de santo (filha de Yansã) a uma festa no Chopin, onde as pessoas usavam lantejoulas douradas e prateadas com saltos que eram verdadeiras armas brancas. Tive um certo medinho de ser barrada na portaria por causa do visual despojado, mas minha sorte é que entrou comigo uma gringa bem vestida que me perguntou em um esforçado portunhol se era ali a festa da Maria Paula, ao que eu respondi em bom inglês que sim, e aí ficamos melhores amigas na mesma hora, ufa!, e o homem de preto com fone no ouvido deixou a gente subir. Foi até meio fácil demais, pra falar a verdade. (Fica a dica pro ano que vem.) Depois de três taças, comecei a achar que estava abafando de mãe de santo e invadi a pista de vez, deixando as moças de lantejoulas e decotes que impedem posturas relaxadas no chinelo. Literalmente. Ninguém dança com aqueles saltos, ha ha ha, mas eu dancei e muuuuito! Ainda mais com um DJ daqueles, aí é até covardia...
Quase na hora dos fogos, a galera desceu com pulseiras do edifício e taças de acrílico para ver o show do chão, que é de onde se deve ver o espetáculo pirotécnico do reveillon de Copa. Aliás, o mais bonito dos últimos 5 anos. Eu fiquei uns 2 minutos no apê, só pra ver contagem regressiva no céu (que não rolou), e acabei descendo 12 andares de escada, na carreira, pra fugir da fila do elevador. Levei espumante, boa companhia, 7 caroços de romã e corri pra dentro do mar, frio pra cará, onde pulei 7 ondinhas, tudo comme il fault. Pisei tão forte com o pé direito que acabei cortando o pobre num caco de vidro, mas a essa altura eu estava tão bêbada que achava tudo lindo: o pé sangrando, a sandália vermelha, as pessoas felizes. Nada me doía: eu era pura alegria. Um pretinho de cabelo alourado e camisa do Flamengo correu a me abraçar e eu achei aquilo muito natural: como o brasileiro é alegre, festeiro! Eu adoro gente, gente é bom demais.
Contudo, as 12 horas de alcoolização ininterruptas começaram a me pesar, apesar dos 5 litros d´água que bebi nesse interim, e eu acabei voltando a pé pra casa às 3h30. E não tive um pingo de medo: pela primeira vez me senti protegida pela multidão.
Esta é a melhor cidade do mundo pra se celebrar a virada do ano. 2006 começou bem pra caramba. Agora só resta torcer pra que os outros 364 dias sejam assim, tão felizes.