Carnaval, turfismo, Mônica R e fraturas
"Vou escalar um garoto para abrir o portão pra você." Foi assim que o Mion respondeu minha chamada dizendo que eu já tinha chegado ao portão da casa em Buzios. Funk rolando na vitrola, mulheres e crianças esticadas na piscina, homens em volta de latas e mais latas de cerveja e uma parabólica antenada no canal de corridas do Jockey Clube da Gávea e de São Paulo.
Havia um bom motivo pro Mion não ter ido me buscar no portão: a gota bateu forte, e bateu logo no pé. Gota dói pra dedéu. Logo depois, veio da churrasqueira uma bandeja com coração de galinha. Meu querido Mionzito ensinou: "Tá vendo isso aqui? É que nem veneno pra gota." E comeu logo quatro, pra provar que não tava nem aí. Então, me ofereceu um drink, que eu prontamente aceitei. "Vem, vida, me leva!" Eu amo esse menino, apesar d'ele ser turfista.
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Mion é veterinário de turfe. Até sábado, isso pra mim só queria dizer que ele cuidava de cavalo, mas estar inserido no turfe é mais que isso. O turfe é uma dimensão paralela, com vocabulário exclusivo e hábitos alimentares bastante exóticos. Muitos turfistas, por exemplo, tomam purinol (remédio pra gota) no café da manhã, com um gole de cerveja. Cerveja, outro veneno pra gota. Eles prometem parar até a Copa. Disciplina pra isto eles têm: acordam às 4h30 todos os dias pra trabalhar os cavalos. A vida é dura, mas ninguém reclama. Mas os cavalos certamente reclamariam, se pudessem.
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Feliz aniversário, Mônica R!!!
Moniquinha, perdi seu aniversário ontem ou é hoje? De qualquer jeito, feliz, feliz, feliz dia!!! Adoro você e seus comentários espirituosos. Você, que é uma pessoa de bem com a vida, meu tipo preferido de gente, tem suíte presidencial cativa, com vista pro mar, no meu coração.
Aproveito o ensejo pra pedir-lhe desculpas pela ofensa da fantasia de diaba. Tenho em minha defesa apenas o seguinte: me fantasiei assim porque não acredito nadinha no coisa ruinzinha. Eu não me fantasiaria de Deus ou Heloísa Helena, por exemplo. Com coisa séria, não se brinca. E todo mundo tem um lado anjo e outro diabo, mas como é meu lado anjo que mais se destaca (quá quá quá), eu botei pra fora meu lado reprimido. Pra você ver como é verdade isso (de neguinho de fantasiar daquilo que não é mesmo), a anjinha que estava na festa deu show de sem-vergonhice: precisa ver como ela dançava até o chão, até rasgou o vestido. Era de corar qualquer diabo safado.
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Fraturas e contusões
Hoje, sem beber nada alcóolico há 20h, percebi um ovo no meu pé acompanhado de hematoma. Estou mancando, mas nada que me impeça de pular carnaval em dois blocos que saem hoje de Ipanema.
Tomara que seja uma fratura. Tudo, menos gota! Doença pra mim, é aguda: tem que bater e passar. De crônica, já bastam as minhas.
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