O caseiro, Bob Jeff e o canto da sereia.
Há dois dias eu tive a oportunidade de ver de perto um dos maiores cretinos da política brasileira, o Bob Jeff (ou Bob CafaJeff, para os mais íntimos). Ele estava respirando o mesmo ar que eu porque foi dar uma palestra sobre o futuro do Brasil em uma convenção de supermercados a qual fui mandada a serviço. A mocinha do microfone anunciava a cada dez minutos que dali a tantos outros o "Doutor Roberto Jefferson estaria dando" a tal palestra no auditório. Corri contra o relógio para terminar o que tinha ido fazer para poder ouvir o que esse inclassificável tinha a dizer a respeito do futuro do meu país sobre o qual ele simplesmente cospe.
Depois de passar pelo vexame de ter de cantar aquela música do Lupicínio que ele assassinou no Jô, a pedidos e playback da produção do evento - aliás, um vexame pro qual ele encontrou compaixão até em mim - Bob Jeff começou assim:
"Estou aqui na condição de ex-político, de deputado cassado. O político cassado, tal qual um ex-marido ou uma ex-esposa, suscita reações emocionais das mais diversas na platéia: uns me verão com ódio, outros com carinho, outros com saudades. Meu papel aqui será tentar evitar esses arroubos enquanto discorro sobre os caminhos para o futuro do Brasil."
Me deu um ódio profundo porque o cara parecia ter me descoberto na platéia, entre 350 engravatados carinhosos ou saudosos, furiosa e já antecipando que eu iria rejeitar tudo o que ele proferisse.
Depois de ele ter me deixado desconcertada com a analogia do ex-marido (logo comigo!), Bobbie deu um jeito de não deixar a mágica acabar e, em questão de segundos, estava falando mal do PT. Até eu, ex-petista roxa, falo mal do PT, de forma que eu considerei essa uma estratégia bem fraca de geração de empatia. Em seguida, ele falou do absurdo que era o caseiro (do caso Palocci) ter tido seu sigilo bancário violado, sob a tutela da PF, pelo autoritarismo petista. E fala bem sobre isso, como criminalista que é.
Comecei a prestar atenção.
Aí ele falou mal dessa corja de políticos corruptos, como se não fosse um. Nesse ponto, eu já tinha quase me tornado eleitora dele. Por sorte, minha colega de trabalho recebeu um chamado no rádio e tivemos de sair do auditório. Fui tirada do transe a fórceps! Se eu ficasse naquele lugar por mais um minuto, ia acabar perguntando como votar na Cristiane para presidente do Brasil.
Aliás e a propósito: a filha do Bob Jeff estava presente, é claro.
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