Os filhos dos nossos amigos
Eu sei que tenho andado mais manteiga derretida que o normal, mas é indiscritível a emoção que eu sinto quando vejo o filhote de um amigo meu. Essa emoção cresce em PG se o amigo em questão for alguém que eu conheci antes dos 18 anos. É como se eu fosse testemunha ocular da perpetuação de nossa espécie, do nascimento de uma nova geração, do milagre da vida na melhor acepção do termo.
Eu sei que a esta altura do campeonato eu já deveria estar acostumada com a reprodução dos meus amigos, afinal a maioria deles amigos tem idade muito parecida com a minha. Não estou me colocando contra a parede de novo, mas é que 33 anos é idade suficiente pra se ter até 3 filhos depois da formatura, a intervalos folgados e regulares. Não quero ficar pensando nos 3 filhos que eu não tive, só que as lágrimas me escapam com facilidade quando meus amigos têm por mim esta felicidade: a de botar nos braços um rebento seu, com olhos, mãos, pernas e boquinha praticamente clonados de tão perfeitamente iguais.
A Gabi foi a irmã caçula postiça que eu escolhi pra mim por cinco longos anos. Aí a gente parou de se falar por uma besteira qualquer que eu nem me lembro mais, ela casou e mudou, fizemos as pazes por e-mail anos depois e, há poucos dias, ela me mandou as fotos de sua filhota, Juliana, linda como ela. Agora que eu sentei no computador pra organizar umas fotos, não consigo parar de olhar pras fotos da Juju e lembrar de todos os momentos divertidos que eu tive com a Gabi. O tempo perdido não volta, mas eu gostaria muito de poder dizer, na hora certa, aos filhos de cada um de meus amigos, o quanto cada um deles me ensinou a viver; e o quanto eles, filhos, devem ouvir e amar seus pais, que são pessoas lindas, dignas, incríveis, amáveis e, sobretudo, humanas.
Há certas horas em que eu gostaria de ouvir isso de algum amigo dos meus pais. E poder, assim, reconhecer neles o traço de humanidade perdido na tentativa vã de acertar na carreira de pai e mãe.
Juju, sua mãe é uma mulher incrível. Um dia eu te conto quanto. De quebra, ainda guardo umas historinhas dela sobre salame de Páscoa e fuga de casa aos cinco anos, com chutinho na bunda e tudo.
<< Home