Você vai morrer.
História real ocorrida com Pedro, 5 anos, estudante do jardim de infância de uma escola experimental no Rio.
Durante a aula de arte com massinha, um coleguinha chega pro pequeno Pedro Pedra e atira à queima roupa:
- Aí, sabia que você vai morrer?
- Quem te disse?
- Meu avô vai, minha avó vai, eu vou e você também vai. Foi meu pai quem me disse.
- Por quê?
- Porque todo mundo morre um dia.
- E o que é morrer?
- É quando você dorme e não acorda. Aí as pessoas te põem numa caixa e te enterram.
O pequeno Pedro pensou naquilo por dois minutos enquanto esmurrava a massinha com toda a sua força. Pensou em continuar a conversa de forma civilizada, mas estava aborrecido demais para isso. Então partiu pra ignorância:
- Eu não vou morrer! Você é que vai!!!
- Ué, eu vou. - disse o cretino do coleguinha quase que distraidamente, enquanto fazia minhocas de massinha de todas as cores - Mas você vai também. Teu pai vai, tua mãe vai, todo mundo vai morrer.
Aquilo foi a gota d'água: matar a mãe e o pai dele foi o fim da picada. Sem forças mais nem pra esmurrar massinha, amiguinho ou professora experimental, Pedrinho detonou um pranto incontrolável. A professora não conseguia entender o motivo da crise, a psicopedagoga ligou pra mãe a fim de sondar o ambiente familiar, a mãe se preocupou e acabou indo buscá-lo na escola, onde o menino ainda se encontrava aos gritos e lágrimas duas horas depois. Levado pra casa como um mistério insondável da psicopedagogia moderna, Pedro ainda chorava quando seu irmão de oito anos aproveitou uma escapada da mãe aflita pra cozinha, em busca de algo comestível pra distrair o caçula, e perguntou ao pirralho:
- Aí, moleque: tá chorando por quê?
- Porque o Gabriel me disse que eu vou morrer.
- Ih, qualé. Isso é que dá não saber ler.
- Por quê?, perguntou ele, dando uma ligeira trégua ao chororô.
- Porque tá escrito na sua testa: eu não vou morrer.
- Tem certeza?
- Tenho. Se você soubesse ler, saberia.
- E a mamãe?
- Ela também: não vai morrer. E correu o dedo na própria testa, como que mostrando com exatidão onde estavam anatomicamente impressas as tais palavras proféticas.
Pedro então enxugou com o dorso das mãos as lágrimas que se misturavam caudalosamente ao catarro que lhe escorria do nariz, pulou da cama e convidou o irmão:
- Tá a fim de brincar de playmobill?
Durante a aula de arte com massinha, um coleguinha chega pro pequeno Pedro Pedra e atira à queima roupa:
- Aí, sabia que você vai morrer?
- Quem te disse?
- Meu avô vai, minha avó vai, eu vou e você também vai. Foi meu pai quem me disse.
- Por quê?
- Porque todo mundo morre um dia.
- E o que é morrer?
- É quando você dorme e não acorda. Aí as pessoas te põem numa caixa e te enterram.
O pequeno Pedro pensou naquilo por dois minutos enquanto esmurrava a massinha com toda a sua força. Pensou em continuar a conversa de forma civilizada, mas estava aborrecido demais para isso. Então partiu pra ignorância:
- Eu não vou morrer! Você é que vai!!!
- Ué, eu vou. - disse o cretino do coleguinha quase que distraidamente, enquanto fazia minhocas de massinha de todas as cores - Mas você vai também. Teu pai vai, tua mãe vai, todo mundo vai morrer.
Aquilo foi a gota d'água: matar a mãe e o pai dele foi o fim da picada. Sem forças mais nem pra esmurrar massinha, amiguinho ou professora experimental, Pedrinho detonou um pranto incontrolável. A professora não conseguia entender o motivo da crise, a psicopedagoga ligou pra mãe a fim de sondar o ambiente familiar, a mãe se preocupou e acabou indo buscá-lo na escola, onde o menino ainda se encontrava aos gritos e lágrimas duas horas depois. Levado pra casa como um mistério insondável da psicopedagogia moderna, Pedro ainda chorava quando seu irmão de oito anos aproveitou uma escapada da mãe aflita pra cozinha, em busca de algo comestível pra distrair o caçula, e perguntou ao pirralho:
- Aí, moleque: tá chorando por quê?
- Porque o Gabriel me disse que eu vou morrer.
- Ih, qualé. Isso é que dá não saber ler.
- Por quê?, perguntou ele, dando uma ligeira trégua ao chororô.
- Porque tá escrito na sua testa: eu não vou morrer.
- Tem certeza?
- Tenho. Se você soubesse ler, saberia.
- E a mamãe?
- Ela também: não vai morrer. E correu o dedo na própria testa, como que mostrando com exatidão onde estavam anatomicamente impressas as tais palavras proféticas.
Pedro então enxugou com o dorso das mãos as lágrimas que se misturavam caudalosamente ao catarro que lhe escorria do nariz, pulou da cama e convidou o irmão:
- Tá a fim de brincar de playmobill?
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