Congonhas is so tough!
Hoje voei do Rio a Congonhas, pouco tempo demais da tragédia. Meu assento de retardatária era um corredor, veja só, mas, ao procurar meu lugar, eis que havia uma mocinha nele sentada. Ela espremia as mãos, nervosa, na expectativa silenciosa de que eu não me incomodasse de sentar na janela ou no assento entre a janela e o corredor, e eu não poderia desejar coisa outra que não isso. Não consigo decepcionar mocinhas nervosas, e este é meu lado mais homem. Pois então sentei na janela, deixando-a à vontade no corredor, bem longe do assento que transmitiria, mais rapidamente, imagens de um desastre que porventura ocorressse, embora eu realmente não contasse com isso.
Conversamos o tempo todo, do Rio à São Paulo. Não sou dada a conversas aéreas, pois, quando vôo, posso estar voando para a eternidade, então não gosto de banalizar a iminência da tragédia. Mas ela era A psicóloga da equipe masculina campeã de futsal do pã, e eu não podia deixar de entrevistá-la e drená-la com minhas perguntas de pã-fã, mesmo com todo o compromisso que tenho com o imprevisto trágico. Seu nome era Melissa, e fizemos um rapport único no momento em que o avião cambaleou, tremelicou e chacoalhou entre o céu e Congonhas: ninguém, mais do que nós, naquele vôo, pensou (com um sorriso nos lábios): "É agora, fudeu galera, lá vamos nós para o vale da morte, valeu tudo, valeram todos e fodam-se os dinamarqueses!"
Chegamos, por milagre, e trocamos e-mails. Ela prometeu me ensinar um truque infalível pra melhorar a auto-estima, e eu, bem... eu não prometi nada, o que é típico meu. Em troca, escrevi este post: coisa de sobrevivente.
E seguimos, sobrevivendo e brindando à vida, esse clube fechado que aceita uns e não outros.
Conversamos o tempo todo, do Rio à São Paulo. Não sou dada a conversas aéreas, pois, quando vôo, posso estar voando para a eternidade, então não gosto de banalizar a iminência da tragédia. Mas ela era A psicóloga da equipe masculina campeã de futsal do pã, e eu não podia deixar de entrevistá-la e drená-la com minhas perguntas de pã-fã, mesmo com todo o compromisso que tenho com o imprevisto trágico. Seu nome era Melissa, e fizemos um rapport único no momento em que o avião cambaleou, tremelicou e chacoalhou entre o céu e Congonhas: ninguém, mais do que nós, naquele vôo, pensou (com um sorriso nos lábios): "É agora, fudeu galera, lá vamos nós para o vale da morte, valeu tudo, valeram todos e fodam-se os dinamarqueses!"
Chegamos, por milagre, e trocamos e-mails. Ela prometeu me ensinar um truque infalível pra melhorar a auto-estima, e eu, bem... eu não prometi nada, o que é típico meu. Em troca, escrevi este post: coisa de sobrevivente.
E seguimos, sobrevivendo e brindando à vida, esse clube fechado que aceita uns e não outros.
<< Home