Lala, nome-fofo paroxítono
Se não for pra descobrir a cura do câncer ou combater a mortalidade infantil, acho que a vida da gente deveria servir ao menos para exterminar de dois a cinco preconceitos por geração.
Confesso, contrariada, que até um mês atrás, eu nutria uma incômoda aversão por cãezinhos fofos de raça pura, sobretudo os de bolso. Admito que este talvez seja um ranço de anos de militância política em prol dos fracos e oprimidos. Ainda há muita gente que crê que só os animais com pedigree são capazes de amar e aprender, e meu belicismo inato já não tem mais paciência pra ensinar o óbvio a quem não se esforça para superar a complexidade mental de uma ameba.
O fato é que eu tinha lá atrás, no fundo do armário, um conceito muito ruim guardado de todas as pessoas que, a exemplo de Paris Hilton, compram cães para combiná-los com roupas e jóias. Meu nojo a essa gentalha era tão forte, que eu chegava a esquecer que por trás daquele criatura de aspecto quase humano havia um cão de pêlo, carne e osso que, embora humilhado por tosas exóticas e tinturas azuis ou rosa, nada tinha a ver com aquela palhaçada. E assim, passei cerca de 30 anos sem tomar conhecimento da existência de poodles e quetais. Cheguei mesmo a debochar de uma de minhas amigas mais brilhantes porque ela, a despeito da expectativa preconceituosa que tenho das pessoas geniais, comprou um Shi Tzu. Agora cá estou, em estado de graça pós-pugterapia e poodle-terapia, pensando que talvez exista sentido na seleção genética de raças e, mesmo que não haja muita explicação para o desenvolvimento de uma raça sem nariz e sem pescoço, como é o pug, o que quer que tenha faltado no projeto genético de um cão fofo vem em dobro em uma outra fofura qualquer.
Não estou fazendo apologia da raça pura, quero deixar bem claro, mas agora eu já penso que tudo bem um bicho ter raça pura. Ele não precisa ser bobo e Paris Hilton por isso. Tomemos a Lala como exemplo: quando eu acho que ela já fez todas as coisas fofas possíveis, como roubar 3 pães franceses do alto da mesa, comer um e enterrar dois na cama dos meus pais, para garantir seu futuro, ela vem e me surpreende!
Confesso, contrariada, que até um mês atrás, eu nutria uma incômoda aversão por cãezinhos fofos de raça pura, sobretudo os de bolso. Admito que este talvez seja um ranço de anos de militância política em prol dos fracos e oprimidos. Ainda há muita gente que crê que só os animais com pedigree são capazes de amar e aprender, e meu belicismo inato já não tem mais paciência pra ensinar o óbvio a quem não se esforça para superar a complexidade mental de uma ameba.
O fato é que eu tinha lá atrás, no fundo do armário, um conceito muito ruim guardado de todas as pessoas que, a exemplo de Paris Hilton, compram cães para combiná-los com roupas e jóias. Meu nojo a essa gentalha era tão forte, que eu chegava a esquecer que por trás daquele criatura de aspecto quase humano havia um cão de pêlo, carne e osso que, embora humilhado por tosas exóticas e tinturas azuis ou rosa, nada tinha a ver com aquela palhaçada. E assim, passei cerca de 30 anos sem tomar conhecimento da existência de poodles e quetais. Cheguei mesmo a debochar de uma de minhas amigas mais brilhantes porque ela, a despeito da expectativa preconceituosa que tenho das pessoas geniais, comprou um Shi Tzu. Agora cá estou, em estado de graça pós-pugterapia e poodle-terapia, pensando que talvez exista sentido na seleção genética de raças e, mesmo que não haja muita explicação para o desenvolvimento de uma raça sem nariz e sem pescoço, como é o pug, o que quer que tenha faltado no projeto genético de um cão fofo vem em dobro em uma outra fofura qualquer.
Não estou fazendo apologia da raça pura, quero deixar bem claro, mas agora eu já penso que tudo bem um bicho ter raça pura. Ele não precisa ser bobo e Paris Hilton por isso. Tomemos a Lala como exemplo: quando eu acho que ela já fez todas as coisas fofas possíveis, como roubar 3 pães franceses do alto da mesa, comer um e enterrar dois na cama dos meus pais, para garantir seu futuro, ela vem e me surpreende!
Ela segura o ossinho entre os dedos meticulamente cutilados por seus dentes branquíssimos.
Ela assiste televisão com seu cachorrinho de pelúcia na boca. E quando o filme está chato, ela dorme, sem soltá-lo, e vira a barriga para pedir cafuné.
Ela se cobre com seu edredonzinho e dorme abraçada com um hambúrguer de pelúcia, mas se está quente demais, ela chuta o edredon pra fora da cama; se está frio, ela pula pra minha. E se eu acordo de madrugada e não a encontro no quarto, é porque ela foi se deitar no boxe, onde tem o azulejo mais fresco da casa.
***
Tudo isto posto, sinto-me um ser humano melhor agora que o Dali e a Lala me fizeram perder o preconceito que mais me incomodava como veterinária, o fresco-racial. Espero que meus hóspedes me escrevam de vez em quando, porque a pior desgraça da peludoterapia hoteleira de aluguel é o buraco que fica no nosso travesseiro quando eles voltam pra casa.
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