Depressão temporal
Faltam 20 minutos para minhas férias terminarem e eu sinto agora a mesma sensação de um boi que começa a caminhar lentamente pelo corredor da morte, rumo ao boxe de atordoamento: agora faltam 19 minutos para o fim das minhas férias e quando eu me deitar para dormir, já terei voltado a ser prisioneira do tempo. E o tempo, essa coisa abstrata que poderia perfeitamente me pertencer e se submeter ao meu belprazer, voltará a me tiranizar com sua agenda fechada, suas horas pra entrar, horas pra sair, hora pra comer e, o pior de tudo: hora pra acordar, portanto hora pra dormir. Agora, faltando 16 minutos para o fim das minhas férias, eu sinto latejar a dor de não poder trabalhar de 16 às 22h, que é quando eu estou mais (d)esperta, e sim de 8 às 17h, porque o tempo obedece a estatutos e regras medíocres que opacificam o brilho do olhar de quem as obedece à revelia.
Eu não sou contra o trabalho: sou contra a hora hermética para trabalhar, a coisa inflexível, a carga horária burra. Não sou contra a rotina: sou a favor da rotina de manhã OU de tarde OU de noite, quando for melhor pra mim, desde que eu possa mudar sempre que eu precise ou queira. Não sou contra as reuniões semanais, mas preferiria que elas pudessem gentilmente desistir de ocorrer em dia de jogo do Brasil na Copa. Porque se o tempo pára para o povo assistir os jogos nessas ocasiões, é uma sacanagem sem precedentes históricos que eu seja escrava do tempo justo então.
É uma sacanagem ser escrava do tempo, ponto. O tempo é meu, cacete, queria fazer o que quisesse dele. Mas em vez disso, fico passando os olhos do relógio - que diz que faltam 4 minutos para o fim - pra pilha de livros que não li, porque não tive tempo. O tempo, esse tirano cruel. Quero passar o final de semana em Miguel Pereira, sem celular, sem internet, sem ninguém que possa interromper minha leitura, exceto meus peludos, que sabem muito bem a diferença entre minha cara de brincar de bolinha e a cara de "agora, não!"
Pronto. Enquanto eu reclamava do tempo, ele caiu sobre minha cabeça com a pesada sentença de que minhas férias se esgotaram, e é hora de dormir porque amanhã quem manda é ele - e eu vou voltar a sentir fome pontualmente às 12h30, e vou levar exatos 24 minutos de um trabalho pro outro, e vou trabalhar 12h15minutos por dia. Fora as horas que eu vou trabalhar nas horas livres.
Estou deprimida, mas, se eu chorar, o tempo - que não perdoa nada nem ninguém - também me castigará com rugas e ficará rindo da minha cara de perdedora, sentindo-se o rei da cocada preta. Ainda não sei como farei isso, mas resolvi que a única forma d'eu não ficar por baixo nessa história é criar pra mim um dia com 30 horas, nem que eu tenha que roubar essas seis horas extras do meu vizinho. Ou do gato gordo que dorme no capô quentinho dos carros no estacionamento, alheio aos segundos que fogem correndo de mim.
Eu não sou contra o trabalho: sou contra a hora hermética para trabalhar, a coisa inflexível, a carga horária burra. Não sou contra a rotina: sou a favor da rotina de manhã OU de tarde OU de noite, quando for melhor pra mim, desde que eu possa mudar sempre que eu precise ou queira. Não sou contra as reuniões semanais, mas preferiria que elas pudessem gentilmente desistir de ocorrer em dia de jogo do Brasil na Copa. Porque se o tempo pára para o povo assistir os jogos nessas ocasiões, é uma sacanagem sem precedentes históricos que eu seja escrava do tempo justo então.
É uma sacanagem ser escrava do tempo, ponto. O tempo é meu, cacete, queria fazer o que quisesse dele. Mas em vez disso, fico passando os olhos do relógio - que diz que faltam 4 minutos para o fim - pra pilha de livros que não li, porque não tive tempo. O tempo, esse tirano cruel. Quero passar o final de semana em Miguel Pereira, sem celular, sem internet, sem ninguém que possa interromper minha leitura, exceto meus peludos, que sabem muito bem a diferença entre minha cara de brincar de bolinha e a cara de "agora, não!"
Pronto. Enquanto eu reclamava do tempo, ele caiu sobre minha cabeça com a pesada sentença de que minhas férias se esgotaram, e é hora de dormir porque amanhã quem manda é ele - e eu vou voltar a sentir fome pontualmente às 12h30, e vou levar exatos 24 minutos de um trabalho pro outro, e vou trabalhar 12h15minutos por dia. Fora as horas que eu vou trabalhar nas horas livres.
Estou deprimida, mas, se eu chorar, o tempo - que não perdoa nada nem ninguém - também me castigará com rugas e ficará rindo da minha cara de perdedora, sentindo-se o rei da cocada preta. Ainda não sei como farei isso, mas resolvi que a única forma d'eu não ficar por baixo nessa história é criar pra mim um dia com 30 horas, nem que eu tenha que roubar essas seis horas extras do meu vizinho. Ou do gato gordo que dorme no capô quentinho dos carros no estacionamento, alheio aos segundos que fogem correndo de mim.
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