Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sexta-feira, maio 26, 2006

A mulherzinha de 33 contra a TPM

Vamos assumir: por mais direitos iguais que seja, toda mulher tem seu lado mulherzinha. Mulherzinha no sentido pejorativo mesmo, aquele que estabelece um abismo intrasponível entre os gêneros, aquilo que faz com que uma mulher passe um fim de semana em Buzios com 2 malas, sendo uma só de cremes e secadores de cabelo, aquilo que faz a mulher desmaiar diante de uma barata e chorar assistindo comercial de dia das mães. Aliás, campanha de dia das mães com grávidas e mães recém paridas recebendo bebê na maternidade, pra mim, são golpe baixo: eu choro sempre. Sobretudo se estou em TPM. Em TPM, uma mulher - não diria normal, que isso não existe, mas "mediana", o oposto de excepcional - põe sua mulherzinha toda pra fora: algumas põem uma mulherzinha agressiva, do tipo que fere, degola e esquarteja; outras já têm uma mulherzinha frágil, do tipo que joga lencinho no chão e leva a mão à testa, simulando desmaio. Muitas, como eu, têm todas essas e mais algumas que sempre surpreendem, como a mulherzinha suicida, a fatalista, a esbugalhada, a insone, a sarcástica, a faminta e a que precisa urgentemente de uma lipoaspiração pra perder aquela barriga ENORME que costuma sumir sem faca após 4 dias.


Convenhamos: não deve ser fácil conviver com uma mulher durante a TPM. Este é o motivo número um d'eu não ter me tornado lésbica numa fase em que eu praticamente desisti dos homens. Obviamente, era uma fase TPM fatalista, do tipo "homem não presta".


Resumindo: não há nada mais mulherzinha que TPM. Os homens que não se conformam por terem nascido homens podem tentar de tudo: sex-change, silicone, hormônios, mega-hair, maquiagem definitiva e até implante de celulite, mas nunca vão conseguir chegar à essência mais mulherzinha de uma mulher, nossa maior bandeira e desgraça: a TPM. Dizendo assim, parece até que eu gosto de padecer desse mal que aflige a maioria das pessoas XX nos dias que precedem aqueles dias, mas eu vou morrer lutando contra os demônios que me tomam nesse fase infernal do ciclo estral. Agora mesmo estou afogada em vapores aromaterápicos de ylang ylang, lavanda, rosa gerânio, sálvia e manjerona dum pool de óleos essenciais que a vendedora da Originallis me jurou ser tiro e queda contra o mal que me aflige e paralisa. Acordei ouvindo Chants of India, do Ravi Shankar, que a cítara, se não faz uma mulher em TPM pular da janela, acalma. Bebi 2 litros de água só de manhã, que a água desintoxica, e a TPM é altamente tóxica, ácida e corrosiva. Comi 4 frutas diferentes no café da manhã, porque eu como que nem uma vaca na TPM. Mas também porque culpa é uma reação tipicamente mulherzinha em TPM, e porque é legal comer fruta, e é legal fazer qualquer coisa legal na TPM pra neutralizar a nóia.


Vale tudo contra essa tensão cujo nome eu não ouso mais repetir, desde ligar prum ex e mandá-lo se fuder porque ele nunca abriu a porta dum carro pra mim entre janeiro de 1995 e julho de 1996, até medidas mais extremas, como comprar um vestidinho ou fazer 3 aulas de spinning seguidas. E meu monstrinho dramático diz que eu posso sair ferida, sem um olho, manca das duas pernas e surda de um ouvido, mas essa guerra ganho eu. A TPM que se cuide.