Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, junho 13, 2006

A televisão e a família


Eu não ligo pra TV: poderia levar semanas, talvez meses, até perceber que removeram a TV de 29 polegadas da sala. Mas meus pais, embora atípicos em muitas coisas, assistem TV como a maioria das pessoas; e o fazem só por teimosia, porque, a rigor, eles odeiam tudo o que é televisionado.

Alguns exemplos da interação da minha família com a telinha:


Propaganda de algo indefinido, talvez telefone celular Motorolla, na TV. Eu estava distraída, então peguei o bonde andando. Findo o vídeo clipe, minha mãe pergunta:

Mãe: Não entendi nada. Isso aí era propaganda de quê?
Pai: De gente magra.
Mãe: (após 10 segundos de silêncio) Odeio gente magra.
Pai: Odeio propaganda.


***

Cobertura de Copa do Mundo na TV durante o almoço de hoje. Eu, de costas pra TV, como sempre, ouço uma dessas mocinhas da Globo dizer:

Aspirante a Fátima Bernardes: Gente, isso aqui tá uma lou-cu-ra! Olha só essa gente toda! Está tudo calmo aqui na frente do (...)
Pai: Não entendi nada: está calmo ou uma loucura?
Mãe: É uma loucura calma.
Aspirante a Fátima Bernardes: (...) Olha lá! O ônibus vai saindo, é uma multidão atrás do ônibus com a seleção do Brasil em direção ao (...)
Pai: Agora ônibus saindo é notícia! Daqui a pouco vai dar na primeira página: “Ônibus sai e solta monóxido de carbono.” É o começo do fim.



PS: Como eu estava de costas, há uma chance de a mocinha aspirante a ser a PRÓPRIA Fátima Bernardes (mas, bem lá no fundo, eu teria muita pena de ver a Fátima Bernardes, uma pessoa importante, mãe importante de trigêmeos importantes, esposa dum cara assim, tipão importante, correndo atrás de ônibus da seleção para transmitir esse furo jornalístico impressionante ao vivo, via satélite.) Agora deixa eu ir que, lá na Alemanha, já estão cantando o hino mais bonito do mundo depois da Marseillaise.