Black de castigo no jardim do Joel
Embora seja um dos melhores peludoterapeutas do Rio de Janeiro, o Black ainda é muito infantil e fez mil artes quando a gente chegou em Mauá, numa sexta chuvosa e sem energia elétrica. Como a falta de luz me impedia de ter noção do tamanho da casa do Joel (é um quinto de Maringá, ha ha ha) e só havia 2 lanternas para 4 seres humanos, dei uma soltadinha nele pro cara se virar num pipi e num pupu. Dois minutos depois, ouço um barulho típico de cachorro se afogando na piscina: o panaca, que é black -- e estava tudo black -- não viu onde pisava e caiu dentro da piscina. Tomou o primeiro cartão amarelo, porque na casa do Joel cachorro não pode tomar banho de piscina.
Depois de resgatar o Black, fazer respiração boca a boca (eu precisava mais do que ele) e secá-lo com um lençol, esta cara de pau aqui fez olhar de cachorro pidão e implorou pro Tio Joel deixar o meu peludoterapeuta, que a Daisy teve a sensibilidade de me emprestar, dormir dentro de casa, e não no canil, que é lugar de cachorro, como a gente tinha combinado há vários dias. O Black dormiu na área, porque o Joel teve a agilidade mental de propôr logo um local K9-proof antes que eu sugerisse o óbvio: que o bebê dormisse na cama comigo, sob as cobertas, pra não pegar uma pneumonia.
O segundo cartão amarelo veio na manhã seguinte, quando o Joel, depois de ter sido acordado às cinco da manhã por um cão que arranha porta e destrói tudo o que faz muito barulho quando detonado, flagrou o canalha com uma galinha na boca. Uma galinha de verdade, dessas com penas e bico, do tipo que põe ovos. Expliquei pro Tio Joel, pra ele não ficar brabo, que Labrador é cão de caça, e eles gostam muito de abocanhar uma penosa. Mesmo assim, ficou o cartão amarelo, e eu morta de medo do Blackudo me aprontar mais outra.
Meu peludoterapeuta tomou o vermelhão quando entrou na casa e fez um pipi que eu não vi, não limpei, e nem tomei conhecimento (mas acredito na possibilidade da veracidade desse sórdido fato, porque cães mijam mesmo, está no job description da espécie) porque àquela altura eu já estava chamando urubu de meu louro.
Mas me lembro bem da cara de fiz-merda-eu? do bebê, do lado de fora da casa, olhando pra nós, semoventes humanos, em torno de uma mesa com trutas, purê de batata e vinho. Muito vinho!
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