Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Nêga do cabelo duro

Desisti de cortar o cabelo, pra sempre. Pra sempre, no meu particular glossário de palavras-clichê, não significa, por exemplo, que eu não vá cortar o cabelo até o sabugo caso um viado ou piranhuda qualquer (e não o meu mais do que amado e adorado Dudu, salve-salve, o único ser humano autorizado a tocar em meu cabelo doravante, mesmo que pra isso eu tenha de rodar bolsinha na Atlântica) faça uma merda qualquer com tesouras mal-amadas e invejosas em minhas escassas madeixas.

Eu quero ter cabelão. Mesmo que seja um cabelão que, compactado num coque, caiba numa caixinha de fósforo. Decidi isso depois que vim dessa temporada em Portugal e Espanha. Lembro que, no primeiro dia, eu não cansava de exclamar pro Fábio, que me achava (e acha) uma caipira completa: "NOSSA! COMO AS PESSOAS AQUI SÃO BONITAS!" Claro, elas têm sobrancelhas, essas coisas que as ditas "esteticistas" daqui, da zona sul carioca, assassinam em nome de um padrão estético altamente questionável da Sandy&Junior: sobrancelha tão fina quanto a de um paciente de quimioterapia, sem sacanagem. E os cabelos? Ah, os cabelos! São negros, castanhos e até ruivos, como o da minha querida Adriana, mas são fartos. Deve ser o azeite de oliva e o vinho. E quando não são ondulados, são crespos e sem vergonha. Há até os lisos, como os da Elsa, mas são cabeleiras sem medo de ser feliz. Ninguém lá corta o cabelo porque um viado escandinavo qualquer cagou no pau ou por outros desamores que não merecem citação.

Como dizem os gaúchos, deu pra mim: vou pra Porto Alegre e ciao. Vou, finalmente, assistir minha primeira peça, O Conselheiro, no final de semana de 12 outubro. Chega de cortar o cabelo por qualquer tristeza ou agrura do destino. Agora o meu vai crescer até a bunda, e pela bunda farta que tenho... bem, acho que ele não vai precisar se esforçar muito pra chegar lá. Mas chegaremos, eu e ele, meu parco cabelim, a este patamar intangível da auto-estima. E seguiremos assim, unidos e crespins, até que o Dudu ordene um acerto nas pontas. Que pra mim é Dudu no céu e Dudu na terra.

Depois que meu cabelo crescer, juro que vou me espiritualizar adequadamente. Estou praticamente convencida de que me falta cabelo pra que caiba Deus n'alma. Mas a boa notícia é que eu já deixei de comer carne de porco: já sou então, quase muçulmana, e isto há de representar algum progresso.