Carência afetiva, quem é que não tem?
Ontem cheguei em casa e encontrei a Lala de barriga pra cima no colo da minha mãe, no sofá. Ela, o ser humano, explicou que Lala, a cã, estava com o olhar perdido, entre choroso e triste, talvez por saudades do dono. Meu pai, aparentemente, também se apiedou e andou secretamente distribuindo pra minha hóspede pedaços de cream cracker e carne de churrasco, porque, pro meu velho e ranzinza pai, todas as mazelas da alma são passíveis de cura pelo estômago. No entanto, nenhuma das coisas exóticas que ele andou dando pra Lala, sobretudo se somadas aos 2 pães franceses que ela roubou há 2 dias, cairam super bem no trato-digestivo-raça-pura da menina. De repente, não mais que de repente, vejo-me na esdrúxula situação de ter, aos 35 anos de idade, que colocar meus pais de castigo por péssimo comportamento.
Mas eu entendo que a carência afetiva é o melhor combustível pras merdas que a gente faz.
Há pouco, procurei pela Lala aqui em casa e a encontrei na cama, com meus pais. Na cama dos meus pais, nem preciso dizer. Da porta, ouvi a seguinte conversa:
- Ela não é charmosa, é charmuda, diz meu pai.
- Acho que é esse corte de cabelo. Lembra quando eu usei o cabelo assim, como o dela? Década de 80, eu acho.
- É, mas esse corte cai melhor num poodle. Pensando bem, vocês até se parecem.
Ó, modeuso. O mundo está perdido.
Mas eu entendo que a carência afetiva é o melhor combustível pras merdas que a gente faz.
***
Há pouco, procurei pela Lala aqui em casa e a encontrei na cama, com meus pais. Na cama dos meus pais, nem preciso dizer. Da porta, ouvi a seguinte conversa:
- Ela não é charmosa, é charmuda, diz meu pai.
- Acho que é esse corte de cabelo. Lembra quando eu usei o cabelo assim, como o dela? Década de 80, eu acho.
- É, mas esse corte cai melhor num poodle. Pensando bem, vocês até se parecem.
Ó, modeuso. O mundo está perdido.
<< Home