Que fantasia marrom é essa?
De um lado, a Roda Rio 2016, promovendo a cidade para as Olimpíadas.
De outro, um arrastão semi-organizado aos turistas de albergue, pobrecitos! Logo eles, que são fodidos de grana, que andam largados, de chinelo e que vêm pra cá sabendo que serão inevitavelmente assaltados -- só não explicaram pros caras que isso poderia acontecer em sua própria cama, em seu próprio quarto de hostel. UM ABSURDO!!!
O Rio de Janeiro está querendo enganar a quem, afinal? Será que alguém realmente acha que as desigualdades sociais e a desgovernança de tantas décadas podem ser resolvidas ou disfarçadas com uma campanha insossa e uma roda gigante? Imagem & paisagem não é tudo: sediar olimpíada é só pra quem consegue levar o poder público a toda a população, pra dizer o mínimo.
Fiz minha programação de carnaval, como sempre, e estou há 2 semanas preparando fantasias com o auxílio luxuoso de minha super mamma. Estava, até ontem, empolgadona pra pular carnaval, mas confesso que essa peristalse dolorida de violência lambeu meu ânimo. Agora eu olho pro meu programinha e vou cortando alternativas pré-selecionadas de folia:
As minhas fantasias de Betty Boop, borboleta, marinheiro e princesa me olham lá, do armário, decepcionadíssimas com este meu cagaço de última hora. Acontece que depois dos 35 a gente começa a sentir mais medo de morrer ou de se machucar. Sei lá. Pode ser uma mudança positiva da idade, mas também pode ser apenas uma fantasia de carnaval: estou vestida de marrom da cabeça aos pés. Muito prazer, estou fantasiada de cagaço-humano. Quem sabe na quarta-feira minha cor volte ao normal!
Por causa dessa minha fantasia horrorosa e leviana de que o Rio é uma cidade violenta onde as pessoas não têm direito à propriedade privada ou à vida (no caso de balas perdidas) - certamente é só uma bad trip de minha parte, um princípio de síndrome do pânico, nada que possa afligir o governador Cabral ou sua cunhã, o prefeito -, parei de dizer a que blocos pretendo ir. Vou torcer pra chover nos dias e horas em que eu estarei na rua, porque assim vão pra casa os foliões de mentira e os ladrões mais preguiçosos. Menos chance de dar merda quando chove. O pior que pode acontecer é um resfriado.
Ainda assim, prefiro passar a semana de pós-carnaval curando um resfriado que um traumatismo craniano. A coisa está, realmente, muito marrom. Nunca vi tanto marrom assim!
De outro, um arrastão semi-organizado aos turistas de albergue, pobrecitos! Logo eles, que são fodidos de grana, que andam largados, de chinelo e que vêm pra cá sabendo que serão inevitavelmente assaltados -- só não explicaram pros caras que isso poderia acontecer em sua própria cama, em seu próprio quarto de hostel. UM ABSURDO!!!
O Rio de Janeiro está querendo enganar a quem, afinal? Será que alguém realmente acha que as desigualdades sociais e a desgovernança de tantas décadas podem ser resolvidas ou disfarçadas com uma campanha insossa e uma roda gigante? Imagem & paisagem não é tudo: sediar olimpíada é só pra quem consegue levar o poder público a toda a população, pra dizer o mínimo.
Fiz minha programação de carnaval, como sempre, e estou há 2 semanas preparando fantasias com o auxílio luxuoso de minha super mamma. Estava, até ontem, empolgadona pra pular carnaval, mas confesso que essa peristalse dolorida de violência lambeu meu ânimo. Agora eu olho pro meu programinha e vou cortando alternativas pré-selecionadas de folia:
Esse bloco aqui, vou limar: tô com um feeling de que vai sair bala perdida. Tem tudo pra sair bala perdida: gente bêbada, caras anabolizados sem camisa e divulgação na TV. Este aqui, esquece: medo de arrastão. Esse aqui também, não: no ano passado, teve muito empurra-empurra. Corredor não pode se fraturar de bobeira.
As minhas fantasias de Betty Boop, borboleta, marinheiro e princesa me olham lá, do armário, decepcionadíssimas com este meu cagaço de última hora. Acontece que depois dos 35 a gente começa a sentir mais medo de morrer ou de se machucar. Sei lá. Pode ser uma mudança positiva da idade, mas também pode ser apenas uma fantasia de carnaval: estou vestida de marrom da cabeça aos pés. Muito prazer, estou fantasiada de cagaço-humano. Quem sabe na quarta-feira minha cor volte ao normal!
Por causa dessa minha fantasia horrorosa e leviana de que o Rio é uma cidade violenta onde as pessoas não têm direito à propriedade privada ou à vida (no caso de balas perdidas) - certamente é só uma bad trip de minha parte, um princípio de síndrome do pânico, nada que possa afligir o governador Cabral ou sua cunhã, o prefeito -, parei de dizer a que blocos pretendo ir. Vou torcer pra chover nos dias e horas em que eu estarei na rua, porque assim vão pra casa os foliões de mentira e os ladrões mais preguiçosos. Menos chance de dar merda quando chove. O pior que pode acontecer é um resfriado.
Ainda assim, prefiro passar a semana de pós-carnaval curando um resfriado que um traumatismo craniano. A coisa está, realmente, muito marrom. Nunca vi tanto marrom assim!
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