Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, fevereiro 21, 2009

Que fantasia marrom é essa?

De um lado, a Roda Rio 2016, promovendo a cidade para as Olimpíadas.

De outro, um arrastão semi-organizado aos turistas de albergue, pobrecitos! Logo eles, que são fodidos de grana, que andam largados, de chinelo e que vêm pra cá sabendo que serão inevitavelmente assaltados -- só não explicaram pros caras que isso poderia acontecer em sua própria cama, em seu próprio quarto de hostel. UM ABSURDO!!!

O Rio de Janeiro está querendo enganar a quem, afinal? Será que alguém realmente acha que as desigualdades sociais e a desgovernança de tantas décadas podem ser resolvidas ou disfarçadas com uma campanha insossa e uma roda gigante? Imagem & paisagem não é tudo: sediar olimpíada é só pra quem consegue levar o poder público a toda a população, pra dizer o mínimo.

Fiz minha programação de carnaval, como sempre, e estou há 2 semanas preparando fantasias com o auxílio luxuoso de minha super mamma. Estava, até ontem, empolgadona pra pular carnaval, mas confesso que essa peristalse dolorida de violência lambeu meu ânimo. Agora eu olho pro meu programinha e vou cortando alternativas pré-selecionadas de folia:

Esse bloco aqui, vou limar: tô com um feeling de que vai sair bala perdida. Tem tudo pra sair bala perdida: gente bêbada, caras anabolizados sem camisa e divulgação na TV. Este aqui, esquece: medo de arrastão. Esse aqui também, não: no ano passado, teve muito empurra-empurra. Corredor não pode se fraturar de bobeira.


As minhas fantasias de Betty Boop, borboleta, marinheiro e princesa me olham lá, do armário, decepcionadíssimas com este meu cagaço de última hora. Acontece que depois dos 35 a gente começa a sentir mais medo de morrer ou de se machucar. Sei lá. Pode ser uma mudança positiva da idade, mas também pode ser apenas uma fantasia de carnaval: estou vestida de marrom da cabeça aos pés. Muito prazer, estou fantasiada de cagaço-humano. Quem sabe na quarta-feira minha cor volte ao normal!

Por causa dessa minha fantasia horrorosa e leviana de que o Rio é uma cidade violenta onde as pessoas não têm direito à propriedade privada ou à vida (no caso de balas perdidas) - certamente é só uma bad trip de minha parte, um princípio de síndrome do pânico, nada que possa afligir o governador Cabral ou sua cunhã, o prefeito -, parei de dizer a que blocos pretendo ir. Vou torcer pra chover nos dias e horas em que eu estarei na rua, porque assim vão pra casa os foliões de mentira e os ladrões mais preguiçosos. Menos chance de dar merda quando chove. O pior que pode acontecer é um resfriado.

Ainda assim, prefiro passar a semana de pós-carnaval curando um resfriado que um traumatismo craniano. A coisa está, realmente, muito marrom. Nunca vi tanto marrom assim!