Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Quando a fama é um mal necessário



A fama, de forma geral, é uma coisa muito perniciosa: tolhe a liberdade, atrai a inveja e subtrai a espontaneidade, uma vez que o famoso tende a se comportar como se estivesse permanentemente diante de uma platéia. Contudo, para algumas carreiras, o retorno financeiro para a subsistência basal chega apenas com o advento da fama. Vejam os músicos, por exemplo. Pra eles, a fama faz toda a diferença. Gente desprovida de qualquer tipo de talento (eu sou uma pessoa antiga, do tipo que não considera bunda um tipo de talento), como a Kelly Key, enche a burra de dinheiro e dá show pra platéias de milhares, ao passo que gente com o talento vazando pelo ladrão, como meus amigos Pedro Mills Milman & Alma Thomas, muitas vezes dão shows para platéias de 2 pessoas (sem contabilizar os garçons).

Na quarta passada, eu fui ouvir o piano elegante de Pedro e a voz visceral de Alma no Espaço Cultural Maurice Valansi, em Botafogo. Saí de lá extremamente feliz, porque não há um dia que passe sem que esses dois cresçam e me emocionem ainda mais; mas ao mesmo tempo, saí revoltada porque ainda havia gente naquele lugar pequeno que conseguia (não sei como!!!) ignorar o talento dessa dupla, manifestando o que pra mim é a mais grotesca tradução da má educação: gritar e gargalhar enquanto músicos de verdade doam generosamente sua emoção e virtuosidade à platéia.

O show é composto de lindas canções originais, standards do jazz e MPB em arranjos jazzeados. A primeira música, pra vocês terem uma idéia, é "Lullaby" (aquela que diz: "Somewheeeeeeere oooooover the raaaaaainbooooow..."). São dois sets de aproximadamente 40 minutos, o que dá ao público a enorme vantagem de poder conversar, durante o intervalo, com dois monstros da música às vésperas da consagração mundial, do Grammy ou de algo do gênero. Além disso, o Espaço Cultural Maurice Valansi - à Rua Martins Ferreira, 48, Botafogo - é uma coisiquinha linda e aconchegante que serve crepes, drinks sensacionais e está com uma exibição de design de cadeiras no segundo piso que é no mínimo instigante. O couvert artístico é R$15 ou R$12, com filipeta
. A última apresentação do casal nesse local será na quarta que vem, dia 15 de fevereiro, às 20h. Eu irei de novo nesse dia e conclamo todos a juntarem-se aos bons antes que o Japão os roube de nós!