Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, março 11, 2006

Todo sobre mi madre


Ontem foi aniversário da minha mamma meio-sangue italiano. Minha irmã que mora em Nova York perdeu o juízo e não ligou pra lhe dar os parabéns. A terceira guerra mundial não poderia ser tão ruim quanto isto pra uma mamma como a minha.

Eu sei que depois dos 24 os filhos não têm mais o menor direito de pôr a culpa nos pais por PN, pois já é a hora de cada um se virar com seus próprios probleminhas e pronto, mas eu atribuo à minha mãe a origem dessa minha veia hiperbólica-fatalista. Olha o que eu ouvi a vida inteira dessa linda mulher que eu amo mais que tudo no mundo:

* Vocês querem entrar por dentro de mim! (quando a gente usava alguma coisa dela sem pedir autorização e de preferência sem devolver pro local de origem);
* "Se eu paro, eu penso; se eu penso, enlouqueço." (dizia como se fosse fala nossa, explicando-nos de forma didática o mecanismo de nossas burradas);
* Quem sai aos seus, não degenera; (dizia da gente quando fazíamos alguma merda, invariavelmente em alusão ao nosso progenitor do sexo masculino);
* Estou careca, cansada, gorda, acabada! (se jogando no sofá, quando chegava do trabalho);
* Quando eu morrer, não venham chorar sobre o meu caixão. (nos acusando de não fazer-lhe as vontades).

Isso sem contar as chineladas com careta que levamos até a adolescência (se eu não me engano, até nossos amigos levaram chinelada num certo carnaval em Miguel Pereira). A chinelada, em si, não doía nada (dava até vontade de rir, mas se ríssemos, morreríamos na certa). Era a careta que matava a gente de susto: fazia-nos crer que ela partiria a ponte Rio-Nitéroi ao meio de tanta força.

***

Eu ia começar a lista agora as coisas moderadamente boas sobre minha mãe, mas isso não interessa. Se eu falasse, vocês iam querer roubá-la de mim. E esse é um risco que eu não estou disposta a correr.

Eu te amo, mãezuleida.