Todo sobre mi madre
Ontem foi aniversário da minha mamma meio-sangue italiano. Minha irmã que mora em Nova York perdeu o juízo e não ligou pra lhe dar os parabéns. A terceira guerra mundial não poderia ser tão ruim quanto isto pra uma mamma como a minha.
Eu sei que depois dos 24 os filhos não têm mais o menor direito de pôr a culpa nos pais por PN, pois já é a hora de cada um se virar com seus próprios probleminhas e pronto, mas eu atribuo à minha mãe a origem dessa minha veia hiperbólica-fatalista. Olha o que eu ouvi a vida inteira dessa linda mulher que eu amo mais que tudo no mundo:
* Vocês querem entrar por dentro de mim! (quando a gente usava alguma coisa dela sem pedir autorização e de preferência sem devolver pro local de origem);
* "Se eu paro, eu penso; se eu penso, enlouqueço." (dizia como se fosse fala nossa, explicando-nos de forma didática o mecanismo de nossas burradas);
* Quem sai aos seus, não degenera; (dizia da gente quando fazíamos alguma merda, invariavelmente em alusão ao nosso progenitor do sexo masculino);
* Estou careca, cansada, gorda, acabada! (se jogando no sofá, quando chegava do trabalho);
* Quando eu morrer, não venham chorar sobre o meu caixão. (nos acusando de não fazer-lhe as vontades).
Isso sem contar as chineladas com careta que levamos até a adolescência (se eu não me engano, até nossos amigos levaram chinelada num certo carnaval em Miguel Pereira). A chinelada, em si, não doía nada (dava até vontade de rir, mas se ríssemos, morreríamos na certa). Era a careta que matava a gente de susto: fazia-nos crer que ela partiria a ponte Rio-Nitéroi ao meio de tanta força.
***
Eu ia começar a lista agora as coisas moderadamente boas sobre minha mãe, mas isso não interessa. Se eu falasse, vocês iam querer roubá-la de mim. E esse é um risco que eu não estou disposta a correr.
Eu te amo, mãezuleida.
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