A mulher sabe.
Ainda aproveitando a empolgação do Dia da Mulher, gostaria de acrescentar mais um item ao ritual do auto-elogio de gênero: nosso instinto é infalível: se algo nos diz que alguma coisa não vai bem, é porque há mesmo algo de podre no Reino da Dinamarca.
Se o pressentimento ruim é quanto ao futuro da relação, é porque essa porcaria já caiu do telhado.
Se um dia a gente acorda com vontade de perguntar “Você me ama?”, é porque está patente que ele não ama mais porra nenhuma.
Se a gente fica angustiada, achando que o interesse dele já não é aquela coisa, sobretudo porque ele respondeu com um ríspido “Já disse que te amo, cacete, posso ler agora?”, é porque a gente já sabe que ele está comendo alguma vagabunda (e temos até uma certa noção logística de quem é a mocréia).
Se a gente pergunta se ele por acaso está comendo outra(s) por aí e ele nega, com aquela cara de espanto mal ensaiada no espelho, é porque o cretino está mesmo, comendo todas, a torto e a direito.
Sabendo de tudo isso, sabendo que a mulher sempre sabe, não sei porque tanto espanto, porque tanto pranto, porque tanta dor quando a verdade atona. Ao “descobrir” que o cara tem uma noiva, uma amante, voltou pra ex, virou gay ou o diabo que o carregue, nós mulheres deveríamos nos limitar a fazer cara de desprezo e dizer: “Ah, é?”. E talvez, em casos extremos, poderíamos até destinar alguma emoção para falas mais pragmáticas, como a pergunta que nunca quer calar nessas horas: “Querido, você quer tomar no olho do seu c* agora ou pode ser daqui a dois minutinhos?”.
Mas como a gente já nasce sabendo, sabemos que a resposta pra essa pergunta praticamente retórica é sempre: “daqui a dois minutinhos”.
Covardes, bah!
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