Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sexta-feira, março 24, 2006

VanOr responde V

"Querida VanOr,

Estou com um problemaço. Até dezembro de 2005, quando me separei da minha namorada insossa mas boazinha, eu sempre fui um rapaz pudico e fiel. Nessa época, acabei conhecendo uma outra mulher tudibom - linda, inteligente, sexy e voluntariosa - por quem me apaixonei perdidamente. O problema é que, antes de voltar para minha namorada (sim, ex-namorada do ponto de vista da outra mulher), a mulher tudibom em questão me corneou com outro. Alegou que não tínhamos nada sério, o que era bem verdade. No entanto, apesar d'eu ter tido meu orgulho de macho ferido, não consegui ficar longe dela (nem vice-versa), e continuamos nos encontrando em noites tórridas de amor, sexo, álcool, cigarro e rock'n'roll. Desculpe a poesia numa hora dessas, mas se chifre fosse árvore, a cabeça da minha namorada seria hoje uma densa floresta de baobás.

Embora eu seja apaixonado pela tudiboazuda, não consigo largar minha namorada da Usina para ficar com ela por uma simples razão: a gostosona é bem mais liberal que a minha recatada titular, o que me causa muita insegurança.

Por isso, peço sua charmosa orientação, solicitando que, por favor, não me dê joelhaços no saco, pois este é muito sensível em virtude de um pequeno acidente em jogo de tênis (na verdade, eu auto-raquetei o dito-cujo).

Grande beijo e obrigado,

Inseguro de Marré-de-si"

VanOr responde:

Querido Vaisifudê,

Não sei como dizer isso de forma amena, portanto proteja seu saco e circunjacências: você merece todas as tijucanas virgens, frígidas, noivas, neuróticas, bulímicas, burrinhas-mas-estudiosas e pálidas da face da Terra. Só diante delas seu pau subjetivo terá mais que 2cm. Um homem que se apaixona por uma mulher de verdade e a troca pela mulher de mentira, pela farsa da mulher perfeita, perfeita pra ser infeliz até que a morte os separe, não está destinado ao idílio. É um fato da vida: algumas pessoas têm talento para ser feliz, outras não. Aparentemente, seu barato é ter um salário, um apartamento de sala e três quartos na Rua Uruguai (quiçá uma cobertura com vista pro Borel!), uma parideira fiel que também controle a empregada e uma vidinha paralela, pra qual você possa eventualmente escapar a fim de adiar a data de seu suicídio existencial.

N-A-D-A C-O-N-T-R-A!, não me entenda mal. Eu até acho que homens como você ocupam um nicho importante, que é dar emprego pra advogado de família em questões envolvendo divórcio e pensão alimentícia. Tenho muita pena dos advogados que vivem da desgraça alheia, mas tenho ainda mais pena da desgraça alheia que extermina o sonho romântico de nove em cada dez mulheres realmente interessantes, que sempre sofrerão agruras no amor por serem areia demais pro caminhãozinho fajuto de machos inseguros.

Quanto ao seu saco raqueteado, sugiro que o corte fora, com gônadas e tudo, e atire aos porcos, porque se você não vai ter filhos com a tudiboazuda, então que não os tenha com ninguém.

beijos quase carinhosos agora que eu desabafei,

VanOr (quem dá joelhaço por último, machuca melhor)