Momento Vinicius de Moraes
Recebi em minha caixa postal um lindo poema que aqui não publico sem a devida autorização do autor. Era tão lindo, mas tão infinitamente lindo, que me calou todas as vísceras, secou-me todas as lágrimas, fez sumir meu passado e me tornou toda presente. Que presente querido! Tão querido que me deu esperança de futuro, de um dia... de um dia, quem sabe, eu saber viver sem o grande amor da minha vida, de todas as minhas vidas. Amor esse que já morreu. Que a vida é boa, mas deu de me tomar justo isto.
Com vocês, preenchendo esse oco, Vinicius:
A ausente
Vinicius de Moraes
Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...
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