Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, abril 29, 2006

Momento Vinicius de Moraes

Recebi em minha caixa postal um lindo poema que aqui não publico sem a devida autorização do autor. Era tão lindo, mas tão infinitamente lindo, que me calou todas as vísceras, secou-me todas as lágrimas, fez sumir meu passado e me tornou toda presente. Que presente querido! Tão querido que me deu esperança de futuro, de um dia... de um dia, quem sabe, eu saber viver sem o grande amor da minha vida, de todas as minhas vidas. Amor esse que já morreu. Que a vida é boa, mas deu de me tomar justo isto.

Com vocês, preenchendo esse oco, Vinicius:

A ausente
Vinicius de Moraes

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...