Os presentes que eu devolveria.

Adoro ganhar presente: agradeço com lágrimas nos olhos, cheiro, guardo o papel perfumado-ou-não por dias, experimento com tudo o que eu tenho, bato palminhas, enfim: eu curto. Mas há coisas que, se me fossem presenteadas, eu não hesitaria em devolver no mesmo segundo, a saber:

casaco de pele

Aqui no Rio, tem uma loja de roupa feminina cujo-nome-eu-me-recuso-a-pronunciar que eu aprendi a abominar desde o dia em que vi um casaco de pele em sua vitrine. Entrei pra ver se era de verdade, e encontrei na "peça" uma etiqueta que dizia: "Por ser fabricado com peles de animais, este produto pode ter variações naturais de coloração". Tive vontade de vomitar. Os mamíferos têm pêlos, entre n motivos, para despertar nas mães o instinto materno por seus filhotes, e não o desejo de um casaco de pele. Se alguém me desse um casaco de pele, ia ganhar de mim um cruzado de esquerda.

jóia

O raciocínio é mais ou menos esse: um colarzinho simples da HStern é mais caro que uma semana em Noronha. E, é óbvio: entre um e outro, Noronha na veia! Ninguém jamais poderá assaltar minhas memórias da viagem, muito menos de chamar de perua por estar usando ouro ao lado de quem não tem onde cair morto. Chega a ser constrangedor.

saia balonê

Eu fui uma adolescente esquelética, no sentido ruim, com pernas extremamente finas na década de 80. A década do tudo balonê, aquela saia tipo repolinho que faz qualquer perna fina ficar dez vezes mais fina. Tomei ojeriza a balonê.

passarinho na gaiola

Eu quebro gaiolas. Mas antes, eu salvo o passarinho.

livro do Paulo Coelho

Devolver, eu não devolveria, porque livro a gente sempre passa pra frente, nunca pra trás. Mas Paulo Coelho, well... Talvez seja bom em italiano e francês, que eu conheço muito italiano e francês gente boa que ama-porque-ama o imortal, mas em português dói tanto quanto um alfinete debaixo da unha.