Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, abril 01, 2006

Vira ômi!



Carência é foda. Já tive um analista cego que me ouvia fungando e perguntava: você está chorando? Como eu estava sempre chorando, me valia da cegueira dele e dizia algumas vezes que não, que estava só fungando de alergia. O filho da puta sempre fingia que entendia "fungando de alegria", numa débil tentativa de me rotular de depressiva. Tínhamos uma relação estranha de amor e ódio, eu e ele. Na última vez que o vi (e ele não me viu, porque era cego), eu disse que em todos aqueles dias eu estava chorando, sim, e não era de alergia nem de alegria, era de carência e auto-comiseração. Me dei alta em seguida e fui pro psicanalista mais próximo, porque aquele ali me enervava. Naquela época, eu achava joelhaço uma parada muito radical.

Pois eis que estou fungando de novo há uns 5 dias. No primeiro, achei que estava nas últimas: não usei termômetro, mas eu podia jurar que tinha febre. E quando eu fico assim, peço pra quem estiver ao meu lado pra pôr a mão na minha testa e ver se eu estou febril. É coisa que faço desde criança, mas só este ano eu percebi que era uma manifestação inequívoca de carência. Foi minha chefe que falou: "Não, Vanessa, pela milésima vez, você não está com febre. E, por favor: vê se vira homem!".

Com esse histórico todo, eu tive que rir quando fui ontem a emergência de um hospital crente que estava mesmo incubando uma manifestação inédita da gripe aviária ou outro vírus letal e ouvi do médico que era só alergia. É claro que fiquei aliviada, mas na saída do consultório eu passei pela recepção morta de vergonha, porque cheguei com cara de quem estava nas últimas e saí alegrinha. Isso sem contar que eu devo ter super assustado a atendente quando disse: "Melhor jogar fora essa caneta que eu toquei e desinfetar bem suas mãos: estou com uma virose braba."

Preciso namorar urgentemente, ha ha ha!