Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, julho 12, 2006

Ser mãe é... foda.

Hoje meu sobrinho de três anos, aquele lá de Salvador, passou por uma espécie de emergência pediátrica. A coisa deu-se mais ou menos assim: a Bel, empregada sindicalizada do meu irmão, reparou que um brinquedo do PêÁ estava sem bateria e perguntou: Quedê a bateria deste brinquedo, Pedro Augusto? Ao que ele respondeu, muito naturalmente: Eu comi. Bel achou tudo natural, que na Bahia tudo é espontâneo e duma lindeza tamanha, e foi minha cunhada - paulista - quem estranhou a pilha ter ido parar na barriga da criança. Sendo ela uma primípara, e por isso uma sem-noção do que fazer no advento da ingestão de uma pilhazinha pequena pelo filho, ligou pro meu irmão perguntando o que fazer. "CORRA JÁ COM ELE PRA UM HOSPITAL, EU TE ENCONTRO LÁ NA EMERGÊNCIA!"

Meu irmão deve ter imaginado que o George Clooney trataria do caso na base da ignorância, ou seja, cirurgicamente.

O médico radiografou e estava lá a pilha, no meio da barriga do menino, para o encanto de todos e o desespero do manolo, que estudou muita pilha pra cursar engenharia no IME, e ele sabe bem, melhor que eu, a Bel e meu sobrinho, que tipo de nojeira química existe numa pilha. Prescrição médica: voltar pra casa e fazer cocô até a pilha aparecer.

Toda a família, de norte a sul no Brasil, foi avisada do incidente. Gente de São Paulo ligava pra Brasília pra dar notícias dos movimentos intestinais da criança: Ele deve ir ao banheiro daqui a uma meia hora, que ele almoçou faz pouco tempo. Dá leite condensado pra esse menino cagar logo! E lá foi o menino pro penico, o Maraca vibrando, a multidão ululando e, ploft: ovipõe uma bolinha menor que a bateria engolida. A mãe faz cara de decepção e desespero.

- Você está zangada comigo, mamãe?
- Não, filho, mas é que a mamãe esperava mais... cocô.
- Eu posso fazer mais, se você quiser, disse o menino, sentindo a barra pesar pro seu lado.

Enquanto os dois ficam lado a lado esperando a promessa se concretizar, minha cunhada se lembra dum versinho fofo -- "O pum é um mensageiro que vem lá do intestino/ pra dizer à dona bunda que o trem bosta já vem vindo" -- e, tirando isso, na ante-sala do cocô não rola muito clima pra conversa:

- Me conta uma história.
- Só depois que você terminar.

Até que surgem mais duas bolinhas diminutas -- acho que meu sobrinho é um híbrido de gente com cabrito --, e lá se foram os dois catucar o material fecal em busca da pilha. Como profissional da vigilância sanitária, adoraria que eles tivessem usado gorro, luvas, máscara e avental descartável para tão nefasta operação, mas eu já me daria por feliz se soubesse que eles usaram ao menos um palitinho pra revolver o bostume. E revolveram, revolveram, meu sobrinho achando tudo mágico, até que encontraram... um capacete do Power Rangers... e uma azeitona com caroço.

Começo a desconfiar que meu sobrinho seja um híbrido de gente com draga.