Abadessa Souphy, uma mulher de Deus, discorre sobre a incrível relação entre pentelhumes e viadagem.
Van-Or querida, vou relatar-lhe um boato que corria lá pelo prelado em
Araraquara, dando conta de que o Monsenhor Sipango, religioso sério e duro,
quando era garotinho, tropeçou no salão de barbeiro da cidade.
Como você sabe, meu doce, nestes salões acumulam-se pelo assoalho chumaços de cabelos cortados, grumos às vezes volumosos que são varridos depois por um dos barbeiros num instante de folga mas que, num dia de muito movimento, chegam a formar um oceano de madeixas no chão do estabelecimento. Pois bem, o fato é que o menino caiu de cara num montículo de cabelo. Doeu muito, decerto. E depois ainda teve a coisa de cuspir fora a cabeleira toda.
Passou-se o tempo, e o então jovem e futuro seminarista, rapaz garboso e bem apessoado, passou a apresentar certa aversão por tudo que fosse tenue ou excessivamente cabeludo, incluindo xavascas, briocos e outras manifestações virilhentas. Como conseqüência, o pobre elemento viu-se tangenciando o aviadamento e, preferindo afastar-se da opção pederastiana, abraçou a causa monástica.
Não tenciono, com este relato, estabelecer qualquer vínculo entre o episódio de Monsenhor Sipango e a sua reação quase-furibunda à cena nipo-pentelhar (que, confesso, até me agradou) do referido filme Babel. Mas podemos elucubrar evocando algum processo náuseo-cabeludo imiscuído na avantajada psiquê humana.
Esperançosa de ter contribuído com pelo menos uma fagulha de luz em questão tão inquitante e, porque não?, horripilante, despeço-me com as mais carinhosas bênçãos do Altíssimo.
Abadessa Souphy (em comentário hilariante neste quartinho, no post sobre o bicho cabeludo)
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