Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

sábado, janeiro 13, 2007

Tragicomédia da vida privada, com Zezé Polessa.


Tragicomédias da vida privada, com Zezé.
Originally uploaded by Van-Or.


Talvez por isso eu nunca tenha me casado. Tenho medo da degradação humana impelida pela sociedade das mentes pequenas.



Atualização/ Complementação prolixa desse post-shit:

Quando eu escrevi as apressadas linhas deste post pelo T9 do meu celular, imaginei que geral interpretaria: "essa maluca está desdenhando justamente o que quer comprar". Não se trata disso. Acho casamento uma coisa linda quando as duas partes acertam na escolha. Foda é acertar. E acertar, pra mim, não tem o caráter cristão-hipócrita-fatalista preconizado pelo artigo primeiro da Constituição dos Infelizes, que roga que o casamento deve durar "até que a morte os separe".

Eu sou da escola do Poetinha, gente:
"Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure". E, nesta vida nem tão curta assim, eu já compreendi que o amor não dura para sempre. Que a paixão -- e isso já provaram os americanos, que nunca têm nada pra fazer além de estudos antropo-sociólogicos esquisitos, com análise estatística e tudo -- dura até 2 anos. Depois, se o tesão não acaba, se a tolerância persiste, se a compreensão do outro evolui, o amor, aquele amor que leva uma pessoa a juntar os trapinhos com outra, se transforma noutra coisa. Talvez adoração. Talvez apego histórico-afetivo. Talvez preguiça de voltar pro front. Talvez cumplicidade. Talvez economia. Talvez teimosia. Mas, feitas todas as somas e subtrações, nas uniões que funcionam, o amor se transforma em alguma coisa com saldo positivo. E eu conheço casais muito queridos que sabem exatamente do que eu estou falando.

Sou contra o casamento impingido pela mediocridade mental. E os principais motivos do casamento medíocre, que levaria uma pessoa a dizer "sou infeliz, mas sou casada", são:

1. No caso das mulheres: medo de ficar pra titia (leia-se: medo de não casar antes que a juventude passe);

2. No caso dos homens: medo de passar por viado ou galinha irrecuperável (mesmo que, casado, continue um galinha irrecuperável, o que é um tipo incontestável de viadagem);

3. Urgência de provar ao ex-amor (geralmente o still-amor não resolvido), e aos familiares & amigos em geral, que aquela página está virada. Como se isso importasse a qualquer um que não o ator da própria infelicidade.

4. Dependência financeira. O clássico "casar pra sair de casa" ou "casar pra ter alguém com quem dividir as contas". Ou, pior, mais nojento e asqueroso ainda: casar pra poder parar de trabalhar e ser sustentada por um marido machista, que dá casa, manicure e roupas de grife lavadas, mas que em paga exige a humilhação cotidiana da subserviência.

Isso tudo, pra mim, é degradação humana. Quando escrevi 2 linhas pelo celular, quis dizer isso. Mas meu poder de síntese ruim não vem acompanhado de vibrações telepáticas.

Exceto pras pessoas que realmente me conhecem.

Não pensem que nunca me pediram em casamento. Não pensem que nunca considerei me casar com alguns desses. Mas, noves-fora-zero, identifiquei na minha lista de "prós" algum dos motivos acima. E então, claro, fui contra. Prefiro ser feliz.