Filhos, sim; casamento, não sei.
Fui a uma festinha de aniversário adulto na última sexta, e lá encontrei pelo menos 3 filhotes humanos fralda-dependentes. De repente, e não mais que de repente, meus peitos encheram-se de leite. Talvez pelo cheiro de bebê no ar; talvez por minha proximidade físico-afetiva com um macho adorável e paternalmente viável; talvez por causa da minha disfunção cognitiva: muitas vezes eu tenho certeza absoluta de que sou uma cadela com gravidez psicológica. Engraçado isso, porque meus ovários não são policísticos e... pensando bem, rigorosamente levando a coisa pro racional, eu sou um bípede humanóide, carajo! Sou, não sou? OK, vou falar com minha joelhaço sobre isso mais tarde, não se preocupem.
Tá certo, tenho de confessar: o peito encher de leite é só uma hipérbole barata que eu uso com freqüência pra repetir à exaustão meu desejo de ser mãe. Contudo, observando os pais das crianças e até mesmo meu candidato viável à paternidade -- apenas candidato, como eu disse: eu me prometi não fazer nenhum pré-natal até 2008, coisa que faço todo ano desde 2005; mas este ano, só por precaução, já me vacinei contra sarampo, rubéola e hepatite B, coisas que estão no check-list de toda mulher que quer engravidar a qualquer momento --, pensei lá, com meus botões: o convívio com uma mesma pessoa, sob o mesmo teto, com crianças chorando, correndo ou enfiando o dedo na tomada, num contexto em que há TPM e contas a pagar todo mês, deve ser mesmo letal. E aí eu penso que, da mesma forma que um homem se aproxima da perfeição quando passa a SENTIR de forma cada vez mais parecida com o sentir de uma mulher, é bem possível -- e seria pelo menos justo, do ponto de vista de igualdade entre os sexos, essa balela que criaram entre fumacês de maconha e sutiãs -- que a recíproca seja verdadeira: uma mulher se aproxima da perfeição quando passa a entender cada vez melhor como o homem (se) sente diante das nossas manias fossilizadas de associar sexo a amor, amor a filhos, filhos a casamento, casamento a monogamia, e por aí vai.
Não me interpretem mal: sou monogâmica por natureza. Tatuei "semper fidelis" na pele e, embora a expressão seja alusiva ao meu amor pelos cães e sua internacionalmente reconhecida fidelidade (exceto na China, onde todos são irreversivelmente malucos), ela fala também da minha predileção pela serenidade de viver uma história afetiva de cada vez, sem atropelos. Só acho que os homens podem estar certos em relação a muitas coisas que nós, mulheres, teimamos em combater conceitualmente, sem nem pensar no porquê.
Só pra ilustrar o que estou dizendo, aqui vão umas dicas de como homens e mulheres podem conviver melhor (mesmo que para isso todos tenham de abrir mão do excesso de convívio) se as mulheres se comportassem mais como os homens e os deixassem pôr pra fora essa exuberância troglodita que eles têm naturalmente:
1) Cada um devia ter seu espacinho no relacionamento/apartamento; talvez um banheiro só pra ela espalhar suas maquiagens e cabelos na pia sem que ele reclame, toda santa semana, que o ralo entupiu de novo; e um banheirinho só pro homem poder deixar a tampa levantada o quanto queira, manter por perto sua pilha de gibis do Pato Donald pra ler enquanto põe as crianças pra nadar (acho lindo esse eufemismo!), e sempre deixando aquele típico rastro alastrante de macho demarcador de território, que fica impregnado nas toalhas (e às vezes até no nosso cabelo);
2) Ter na sala um sofá confortável onde cada um possa dormir vez por outra, quando chega tarde e bêbabo em casa, sem ter que acordar o outro e pedir, pufavô, 30 cm de lençol, porque uma banda da bunda está no tempo; ou mesmo pra não acordar no meio da noite a pessoa adulta-chata que não foi à festa porque trabalha às sete no dia seguinte;
3) Talvez o ideal seja mesmo que cada um tenha a sua casa; e que até haja alguma rotina, tipo jantar e dormir na dela nos dias pares e na dele nos dias ímpares, mas nada assim, tão hermético, que não possa ser flexibilizado;
4) No advento de filhos, o casamento ideal deveria funcionar assim: as crianças morariam com a mãe, pois como a mulher é fisiologicamente mais responsável e afetivamente ligada à prole, ela providenciaria, com prazer e sem má vontade, o café da manhã, arrumaria mochilas e lancheiras e deixaria o pequeno time de futebol na escola; o progenitor, que é fisiologicamente mais insolente e preguiçoso que as fêmeas de sua espécie, ficaria encarregado de buscar as crianças na escola e levá-las para a natação, balé, teatro e o carajo-a-4, só para não dizer que não teve a chance de passar 30 minutos por dia com os filhos e reiterar, diariamente, sua própria convicção de que as crianças têm mesmo é que ficar com a mãe. Homens são incapazes de lidar com isso sem uma babá, mãe, mulher ou escrava por perto.
Enfim, não tenho dúvidas de que quero ter filhos; mas talvez o casamento ideal seja aquele em que o marido comparece, no sentido bíblico, com uma rigorosa regularidade, mas sem essa obrigação de ficar junto o tempo todo. Junto, o tempo todo, cansa.
Eu, por exemplo, estou esgotada. E olha que foram só 40 dias. O saldo foi super positivo, por sinal, mas 40 dias, sem sair de cima (ah, por favor, me poupem do trocadilho numa hora dessas!), é desgastante. Sobretudo quando uma tem 3 empregos e o outro está de férias, cheio de vontade de ficar com o tempo "livre" da mocinha só pra ele.
Sobrevivemos, enfim. E nos divertimos à vera. No fim, é só isso que importa. A vida é curta demais pra gente ficar pensando nos prós e contras de tudo. Tem horas que o lance é cair dentro e ver que bicho vai dar.
Sempre na esperança de que dê cachorro, claro, que é pra durar.
Tá certo, tenho de confessar: o peito encher de leite é só uma hipérbole barata que eu uso com freqüência pra repetir à exaustão meu desejo de ser mãe. Contudo, observando os pais das crianças e até mesmo meu candidato viável à paternidade -- apenas candidato, como eu disse: eu me prometi não fazer nenhum pré-natal até 2008, coisa que faço todo ano desde 2005; mas este ano, só por precaução, já me vacinei contra sarampo, rubéola e hepatite B, coisas que estão no check-list de toda mulher que quer engravidar a qualquer momento --, pensei lá, com meus botões: o convívio com uma mesma pessoa, sob o mesmo teto, com crianças chorando, correndo ou enfiando o dedo na tomada, num contexto em que há TPM e contas a pagar todo mês, deve ser mesmo letal. E aí eu penso que, da mesma forma que um homem se aproxima da perfeição quando passa a SENTIR de forma cada vez mais parecida com o sentir de uma mulher, é bem possível -- e seria pelo menos justo, do ponto de vista de igualdade entre os sexos, essa balela que criaram entre fumacês de maconha e sutiãs -- que a recíproca seja verdadeira: uma mulher se aproxima da perfeição quando passa a entender cada vez melhor como o homem (se) sente diante das nossas manias fossilizadas de associar sexo a amor, amor a filhos, filhos a casamento, casamento a monogamia, e por aí vai.
Não me interpretem mal: sou monogâmica por natureza. Tatuei "semper fidelis" na pele e, embora a expressão seja alusiva ao meu amor pelos cães e sua internacionalmente reconhecida fidelidade (exceto na China, onde todos são irreversivelmente malucos), ela fala também da minha predileção pela serenidade de viver uma história afetiva de cada vez, sem atropelos. Só acho que os homens podem estar certos em relação a muitas coisas que nós, mulheres, teimamos em combater conceitualmente, sem nem pensar no porquê.
Só pra ilustrar o que estou dizendo, aqui vão umas dicas de como homens e mulheres podem conviver melhor (mesmo que para isso todos tenham de abrir mão do excesso de convívio) se as mulheres se comportassem mais como os homens e os deixassem pôr pra fora essa exuberância troglodita que eles têm naturalmente:
1) Cada um devia ter seu espacinho no relacionamento/apartamento; talvez um banheiro só pra ela espalhar suas maquiagens e cabelos na pia sem que ele reclame, toda santa semana, que o ralo entupiu de novo; e um banheirinho só pro homem poder deixar a tampa levantada o quanto queira, manter por perto sua pilha de gibis do Pato Donald pra ler enquanto põe as crianças pra nadar (acho lindo esse eufemismo!), e sempre deixando aquele típico rastro alastrante de macho demarcador de território, que fica impregnado nas toalhas (e às vezes até no nosso cabelo);
2) Ter na sala um sofá confortável onde cada um possa dormir vez por outra, quando chega tarde e bêbabo em casa, sem ter que acordar o outro e pedir, pufavô, 30 cm de lençol, porque uma banda da bunda está no tempo; ou mesmo pra não acordar no meio da noite a pessoa adulta-chata que não foi à festa porque trabalha às sete no dia seguinte;
3) Talvez o ideal seja mesmo que cada um tenha a sua casa; e que até haja alguma rotina, tipo jantar e dormir na dela nos dias pares e na dele nos dias ímpares, mas nada assim, tão hermético, que não possa ser flexibilizado;
4) No advento de filhos, o casamento ideal deveria funcionar assim: as crianças morariam com a mãe, pois como a mulher é fisiologicamente mais responsável e afetivamente ligada à prole, ela providenciaria, com prazer e sem má vontade, o café da manhã, arrumaria mochilas e lancheiras e deixaria o pequeno time de futebol na escola; o progenitor, que é fisiologicamente mais insolente e preguiçoso que as fêmeas de sua espécie, ficaria encarregado de buscar as crianças na escola e levá-las para a natação, balé, teatro e o carajo-a-4, só para não dizer que não teve a chance de passar 30 minutos por dia com os filhos e reiterar, diariamente, sua própria convicção de que as crianças têm mesmo é que ficar com a mãe. Homens são incapazes de lidar com isso sem uma babá, mãe, mulher ou escrava por perto.
Enfim, não tenho dúvidas de que quero ter filhos; mas talvez o casamento ideal seja aquele em que o marido comparece, no sentido bíblico, com uma rigorosa regularidade, mas sem essa obrigação de ficar junto o tempo todo. Junto, o tempo todo, cansa.
Eu, por exemplo, estou esgotada. E olha que foram só 40 dias. O saldo foi super positivo, por sinal, mas 40 dias, sem sair de cima (ah, por favor, me poupem do trocadilho numa hora dessas!), é desgastante. Sobretudo quando uma tem 3 empregos e o outro está de férias, cheio de vontade de ficar com o tempo "livre" da mocinha só pra ele.
Sobrevivemos, enfim. E nos divertimos à vera. No fim, é só isso que importa. A vida é curta demais pra gente ficar pensando nos prós e contras de tudo. Tem horas que o lance é cair dentro e ver que bicho vai dar.
Sempre na esperança de que dê cachorro, claro, que é pra durar.
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