Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, abril 08, 2007

Coelhinho, se eu fosse como tu...

A Santa Ceia. No dia em que não-hereges não comem carne, tomamos muito vinho pra compensar a lei da carne-seca. Talvez não exista o termo, mas como visionária, inventei. E foda-se.

O Povo Brasileiro vigia seu território para manter o Diabo da Tasmânia (ou Taz, ou Black Label) sob controle. Nem precisamos contratar babá pra cuidar do nosso bebê-demolidor: Povo e Radija deram tanta porrada nele, e ele achou tão divertido apanhar, que o filhote canino hiperativo teve uma Páscoa auto-esgotante. Entre os dois meninos, detalhes da lixeira que o Taz destruiu quando o Povo e a Radija estavam dormindo, distraídos.

Meu afilhado, o Diabo da Tasmânia, me deu um ovo de Páscoa. Mas ele fez questão de morder primeiro. Meu pai fechou o diagnóstico: o pobre animal é subnutrido. Ah, coi-ta-do!

Na creperia de Itaipava, fazendo hora pra voltar pro rali, eu, Adriana e Daisy.

Onde tem Princesa Radija, tem nareba investigando todos os detalhes. E caninos arreganhados para eventuais demônios da Tasmânia invasores de território. Descobri o maior talento do Black, aliás: ser um sem-noção: de perigo, de ridículo, de espaço, de limite, enfim, sem noção de coisa alguma. Como a primeira, única e mais fuderosa visionária homologada do Brasil, digo, sem medo de errar, que ele será o líder mundial do MSN (Movimento dos Sem-Noção). Assim que Lula morrer, é claro.

O nosso amor é lindo. Tão lindo! Nada pode ser mais lindo que um personal peludoterapeuta que faz "Uau!" de manhã, assim que a gente abre o olho por causa do bafo quente da respiração quase boca a boca que ela faz todos os dias, pra checar se a gente está vivo, morto, dormindo ou prestes a preparar seu café da manhã.

André e Marina, o casal mais fofo (e com as rimas mais insólitas) do planeta.

Raul-rali-Daisy-son. Meus hiperativos (de formas opostas e complementares) preferidos. O Raul pilota e a Daisy orienta, sem parar de exercer suas funções de go-go dancer e DJ num carro trepidante no limite da náusea. Se depois daquele sacolejo todo ela não vomitou, não desmaiou e nem teve uma convulsão, o estagiário de onze anos e meio da Faculdade de Medicina de Tribobó City (noite) que a atendeu na emergência do Barra D'Or não tem noção do ridículo. Ou seja: labirintite de cu é rola.

***

Esta Páscoa foi super divertida, porque eu mantive a tradição de subir a serra com uma galera bacana. Juntei dois casais queridos e uma amiga nova, bonita, solteira e revoltada contra o gênero humano por causa de uma babaquara qualquer (mas, como eu, está naquele limbo em que nem gosta mais de homens, nem consegue ser evoluída o bastante pra ser lésbica).

A Marina e o André, que fazem brotar uma sementinha de esperança em qualquer pessoa descrente na reprodução não-acidental de seres humanos no século XXI, estão apaixonados a ponto de dar opilar o fígado de pessoas amarguradas (mas visionários pensam grande: pensam que o mundo só vai acabar depois que eu me casar, por exemplo), passavam o dia fazendo brincadeirinhas fofas de amor. A Marina, pro meu deleite, só se comunicava com o namorado através de rimas inusitadas, como: "Bonitinho, se eu fosse como tu, saía daí onde você tá e sentava aqui do meu lado." Eu sempre ouvia esses versinhos e pensava, cá com meus botões, gargalhando por dentro (e achando tudo muito fofo): amar é perder a noção da rima. E da crítica externa, pra não dizer o óbvio. Obviamente, eu provavelmente não amo ninguém desde batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão, se você me trair ou voltar pra ex, vou cortar teu saco e te fazer comer teus bagos, filho da puta!

***

A fome é o melhor tempero, já dizia a Adriana.

***

Fizemos um rali no sábado à noite. Levamos 1h20 pra fazer Paty-Itaipava. Chegando lá, comemos um crepe, ouvimos uma bandinha local com cozinha e sax bastante honestos, reclamamos da conta exorbitante (básico!) e voltamos pra Miguel Pereira. O Raul, que faz rali há 3 anos, mas estava sem bússola e mapa, só contando com o instinto uterino de 3 mulheres distraídas numa estrada de terra sem placas e bêbados nativos para dar informações desencontradas, decidiu que nossa estratégia para chegar ao destino era seguir a Lua. Seguimos a porra da Lua e nos perdemos algumas vezes por causa disso, pois me parece que, às vezes, essa porcaria de satélite desgovernado muda de lugar. Ou vai pra lugares onde simplesmente não há estrada, nem pra 4x4, nem pra 5x5, nem pra 6x6. Na volta, o rali foi BEM mais fácil, porque decidimos que nos afastaríamos da Lua em vez de persegui-la, e fizemos o trajeto na metade do tempo. Foi uma puta vivência zen-taoísta: o caminho, e não o destino, é o objetivo. E quanto mais fodido o caminho, melhor, mas isto já é o zen-taoísmo dos adeptos de rali. Só fizemos essa loucura de 2h de deslocamento tresloucado, no meio do mato -- eu morta de medo de atropelarmos um cachorro, uma vaca ou uma coruja e ter de trabalhar em pleno feriado -- pelo rally. E foi bom pra melancia!

***

Como a única, primeira e última visionária homologada do Brasil, decreto que doravante a palavra melancia deverá ser usada no lugar de caralho enquanto e a nível de interjeição de espanto, choque, incredulidade e locução adverbial de intensidade. Quem muito caralho diz, muito caralho leva. O Universo tudo ouve e tudo devolve, mas nem sempre onde e quando a gente espera. Sobretudo, nem sempre com equipamento de proteção individual devidamente lubrificado. O Universo, galera, é foda pra melancia. E anotem o que eu estou prevendo antes de qualquer outro charlatão não homologado e não sindicalizado: o Brasil será o maior exportador mundial de melancia nos próximos 6 meses se todos trocarem o caralho* pela fruta.

Como toda visionária que se preze, já comecei a plantar melancias no meu quintal.


*É bom observar que estou falando da palavra, e não do dito cujo (e eis que há um abismo de diferença entre caralho, benga, pau, pica, piru, pênis, pinto, pintinho, bilau e bilu, mas isto é assunto pra outro post). Se eu fosse homem, não trocaria meu caralho (se eu fosse homem, defintivamente teria um caralho, jamais um pênis!!!) por uma fruta. Eu, que sou mulher e freqüento sex-shops, sei bem a diferença de preço entre as duas coisas.