A nada mole vida de Mole
Hoje eu perguntei pela Mole, o peixão canino de 40 kg que uma pessoa estranha, digamos assim, abandonou na frente do meu trabalho há uma semana. O veterinário do canil me olhou incrédulo: "Ué, não foi você que adotou?" Nã, não fui eu. Ele continou, engatando uma terceira: "Ih, eu podia jurar que era você porque me disseram que uma veterinária maluca a levou ontem".
Ótimo, pensei. Eu sou veterinária, disso todo mundo sabe. Agora eu sei que todo mundo me acha maluca. Fiz minha cara mais elegante e pedi mais detalhes. Descobri que uma veterinária da cirurgia ouviu alguém dizer que o futuro da Mole era incerto, insinuando que a única coisa certa é a morte. Ou seja: inventaram que passariam o cerol na cadela! Como essa veterinária é uma ativista da proteção aos animais, a pobre coitada não teve muitas escolhas diante de um cenário forjado tão sombrio: teve de enfiar a Mole em seu carro; interná-la numa pet shop para tomar um bom banho; e por último, porque já passava da hora da novela, comprou um enxovalzinho pra nossa menina nada-dura e levou-a para sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro. Conversei com minha heroína da semana e ela se ressente, sinceramente, de não ter condições de manter mais um cão em sua casa: Mole terá de morar no seu sítio! Vai ser uma vida muito difícil, essa da Mole.
Diante desse quadro (da Mole comendo Eukanuba confortavelmente aninhada em sua caminha de algodão egipício), tive vários insights:
Ótimo, pensei. Eu sou veterinária, disso todo mundo sabe. Agora eu sei que todo mundo me acha maluca. Fiz minha cara mais elegante e pedi mais detalhes. Descobri que uma veterinária da cirurgia ouviu alguém dizer que o futuro da Mole era incerto, insinuando que a única coisa certa é a morte. Ou seja: inventaram que passariam o cerol na cadela! Como essa veterinária é uma ativista da proteção aos animais, a pobre coitada não teve muitas escolhas diante de um cenário forjado tão sombrio: teve de enfiar a Mole em seu carro; interná-la numa pet shop para tomar um bom banho; e por último, porque já passava da hora da novela, comprou um enxovalzinho pra nossa menina nada-dura e levou-a para sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro. Conversei com minha heroína da semana e ela se ressente, sinceramente, de não ter condições de manter mais um cão em sua casa: Mole terá de morar no seu sítio! Vai ser uma vida muito difícil, essa da Mole.
Diante desse quadro (da Mole comendo Eukanuba confortavelmente aninhada em sua caminha de algodão egipício), tive vários insights:
- Sempre existe um maluco para inventar boatos estapafúrdios;
- Sempre existe um pessoa de boa fé louca (pontuem como quiserem) para acreditar em qualquer boato;
- Em alguns casos, boatos são uma excelente estratégia para manipulação de massas;
- Em outros casos, boatos são os melhores amigos dos cães;
- Talvez eu deva fazer melhor proveito da minha fama de maluca: eu poderia espalhar o boato de que eu vou matar os cães da Mangueira, quem sabe a gente não consegue adotantes para todos?
- Talvez os boatos de que os Centros de Controle de Zoonoses sejam centros de extermínio de cães sejam apenas uma estratégia para que almas caridosas se apiedem e adotem os peludos que foram lá abandonados.
Se eu continuar tendo insights assim, vou acabar fazendo carreira como política.
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