Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, janeiro 20, 2008

Natação zen

Minha família sempre gostou de esporte, pelo menos pelo lado de minha mãe. Ela corria, nadava e fazia capoeira. Fui matriculada no balé aos 3 e na natação aos 4 sob o fraco pretexto de melhorar meu pé chato e minha asma, respectivamente. Depois fiz capoeira, ginástica olímpica, dança de academia (do jazz ao axé e mais um pouco), kickboxing, dança de salão (isso conta?), hipismo clássico, hipismo rural, asthanga yoga, power yoga, delrose yoga, tai chi chuan (bem, se isso contar, então teatro também conta), spinning, indoor running, todas as aulas da Body System, musculação e, ultimamente, corrida de rua. Estou achando corrida na esteira coisa de mulherzinha. Correr na rua maltrata a coluna, dá bolha no pé, enfim, gera muito mais sofrimento, ou seja: emagrece mais!

Não sei se é a idade ou a consciência pesada, mas de uns dois meses pra cá eu dei de ter dor nas costas, uma sensação até então inédita para mim. Para não pôr a culpa na pobre da corrida de rua, que maltrata mas emagrece, voltei a nadar no mês passado para dar um descanso de 48h para os meus pés chatinhos e minha coluna sofrida.

No começo, tudo é desculpa pra não nadar: a piscina deve estar cheia ou deve estar vazia; deve estar batendo sol ou deve estar frio porque não está batendo sol; deve ter criança e xixi de criança; não estou depilada ou acabei de me depilar e não posso pegar sol. Enfim: sofrimento pra entrar num maiô. Agora estou na fase em que sofrimento é não cumprir meu planejamento piscinal semanal.

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A temperatura do azul fica exatamente entre o morno e o frio. O calor de meu corpo esquenta a água por onde deslizo, e isso me dá algum conforto. Não há silêncio no azul porque eu ouço meus braços e pernas empurrando a água para os lados e para trás, mas há paz. Acho que o pensamento tem medo de morrer afogado, porque dentro de uma piscina, entre braçadas e pernadas, eu não consigo pensar em nada. Sinto uma leveza comovente quando percebo que fiquei com a mente vazia por 45 minutos, e subitamente compreendo porque meditar é preciso: porque é o pensamento descontrolado, e não a corrida de rua, quem mais maltrata o corpo da gente.