Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

segunda-feira, abril 17, 2006

One more Mauá experience

Being slow in Mauá

Ir a Mauá é sempre uma lição. A primeira foi aprender a chegar lá sem carro num feriadão. E sem ônibus direto pra cidade, é claro. Com tantas limitações, eu me vi obrigada a pegar um ônibus do Rio até Resende porque havia alguma chance d'eu conseguir uma condução de lá pra Maringá, a parte de Mauá onde eu me hospedei.

Eu tinha duas opções: me aborrecer e achar que minha viagem pra Resende seria em vão (pois não havia garantia alguma de conseguir transporte de lá pra Mauá) ou meter bronca e andar com fé, que a fé não costuma faiá. E meu busum veio, enfim. Lotado de jovens meio surrados e emaconhados, mas todos muito felizes e sociáveis. Socializaram tudo comigo, mas eu polidamente declinei, embora tenha sido obrigada a aceitar uma bala Hall's oferecida por uma criatura simpática: tava pegando malzão eu dizer "não, obrigada" o tempo todo. Eles podiam achar que eu era cana ou, o que é bem pior: velha e chata pra cacete. Troquei e-mail com 3 pessoas, de quem virei melhor amiga depois de fazer um intercâmbio de MP3-players. É incrível como uma diferença de idade de 10 anos muda totalmente o gosto musical de um ser humano. Mas aposto que os baixinhos adoraram meu dance indiano e os velhotes do Led Zeppelin. Eu amei The Gotham Project.

A segunda e melhor lição dessa temporada em Mauá foi redescobrir o ritmo certo pra se viver: slooooooooooow. Nada de pressa, nada de pressionar o garçom a te atender: deixa essa gracinha vir no tempo dele, sem estresse. Deixa o fofo conversar. Lá vem o fofo: sinta o sorriso brotar, afaste os pensamentos ruins, diga "oi, fofo, estava esperando por você". Não vale à pena dizer por quantas horas e minutos. Em Mauá, o ritmo é lento. E o ritmo lento é o certo. E a comida? Ah, deixa a comida vir quando ela se sentir pronta e deliciosa. Sem estresse. As pessoas têm se esquecido de inspirar e expirar lentamente. E de contar até 3 mil antes de mandar alguém à merda. Por isso é importante retomar essa coisa da lentidão de caráter. Retidão de caráter já era, o lance agora é lentidão; a lentidão de caráter dá ao ser humano mais chances de acertar, desde que não se trate de uma emergência cirúrgica, mas esse tipo de coisa não acontece em Mauá - e, se ocorre, o enterro é lindo, com buquês de copos-de-leite e ramos de Cannabis sativa, duas semanas depois do óbito. Quem vive lento, vive e morre melhor.


Mudando de assunto...
Cachoeira da Toca do Penhasco: lugar pro banho e sossego do guerreiro escalador.
Cachoeira do Alcantilado: uma hora de caminhada ladeira acima, com picos de 175 bpm. Beleza pura.


Ônibus executivo do Rio pra Resende: R$28. Ônibus pé duro de Resende pra Maromba, Mauá: R$4. Passar quase 2 horas na companhia de gente mutcho lôca, que pendura rede em ônibus, toca viola e socializa tudo, do vinho de embalagem tetrapack a fumígeros ilícitos: não tem preço.


Clima: noites frias, mas lindas. Mais do que pôde registrar a máquina ou minha memória slow motion.

Lua cheia é tudo pra quem tem lua e sol em câncer.

Alimentação: a dieta de um bando de hereges: churrasco - y otras cositas más - na sexta e no sábado.

Peludo de plantão: Arthus, o Golden da pequena Clara, 6 anos. Melhores amigos ao primeiro cafuné de orelha. Eu sabia que teria um peludo à minha espera. Mauá sem namorado, dá pra encarar, mas sem peludo não rola.


Tripulação: Adriana, eu, a comandante Isa e minha ex-house mate, Lolita. Muito hormônio junto, duas taurinas, mas nenhuma tragédia anunciada.


Foto oficial do time: Lola, Fred, eu (chegando), Isa e Adriana.

Mil vivas pra Mauá!