Aniversário
"Hoje eu faço 14 anos. É uma idade diferente." Era o início da febre da agenda de loja de grife que as adolescentes usavam como diário, e eu encontrei essa frase enigmática escrita na agenda-diário de minha melhor amiga, Buba. "Como assim?", pensei. O que ela, essa criatura inteligente e enigmática, quis dizer com isso? Será que ela está sugerindo que os 14 anos são um marco, um rito de passagem, o encontro da vida em desintegração, o derradeiro suspiro da infância? Tive de perguntar: Cara, muito maneiro o que você escreveu, mas o que você quis dizer exatamente com isso? Ela teve um acesso de riso e revelou: "Eu não tinha nada pra escrever, então tasquei a primeira coisa que me passou pela cabeça."
Ou seja: um charuto, às vezes, é só um charuto. Eu poderia ter aprendido a lição aos 14 anos, ma nã! Cismei de buscar significado em tudo: nos gestos, nas faces, nas palavras, nos timbres, no meu peculiar destino de mulher abandonada e até na porra do mau comportamento das pessoas de coração ruim do meu trabalho. Quando nada mais parecia fazer sentido, tomei tudo que uma pessoa pode tomar pra parar de pensar na existência, do chocolate à cachaça, passando por todos os remédios de tarja preta. E hoje, 20 anos depois de uma das mais importantes lições de simplicidade da minha vida, eu me lembro muito da Buba e de um bordão que a gente repetia quando não queria mais queimar a mufa pensando nas coisas: é tudo uma questão de sei lá. Entende?
Ou seja: um charuto, às vezes, é só um charuto. Eu poderia ter aprendido a lição aos 14 anos, ma nã! Cismei de buscar significado em tudo: nos gestos, nas faces, nas palavras, nos timbres, no meu peculiar destino de mulher abandonada e até na porra do mau comportamento das pessoas de coração ruim do meu trabalho. Quando nada mais parecia fazer sentido, tomei tudo que uma pessoa pode tomar pra parar de pensar na existência, do chocolate à cachaça, passando por todos os remédios de tarja preta. E hoje, 20 anos depois de uma das mais importantes lições de simplicidade da minha vida, eu me lembro muito da Buba e de um bordão que a gente repetia quando não queria mais queimar a mufa pensando nas coisas: é tudo uma questão de sei lá. Entende?
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De 20 de julho de 2005 pra cá, eu vivi uma vida. Não vou enumerar eventos nem tragédias pessoais, mas foi, sim: uma vida. Quando eu penso que já vivi de tudo, e aí me sinto com 95 anos, lembro que não tive filhos ainda, e aí me sinto com 15 e sei que o melhor da vida me aguarda, the best is yet to come. O que eu quero mesmo é me sentir, para sempre, como eu me senti aos 33: entre altos e baixos, redescobri como é bom ter e cultivar amigos. Eu serei sempre uma mulher de 33 nesse aspecto, e vocês sempre morarão no meu coração.
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