Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, agosto 13, 2006

Assalto

Ontem fui assaltada. Ou melhor: quase.

Eu estava no carro do Picolé na Av. Nossa Senhora de Copacabana, no maior papo animado, quando vi dois caras se aproximando da janela semi aberta do motorista. Naturalmente, como pessoas educadas que somos, interrompemos a conversa para dar atenção aos estranhos, que rosnaram entre os dentes que queriam dinheiro, carteira, bolsa e etc, senão nos meteriam um balaço na testa. Olhei pra minha bolsa entre os pés e pensei, sentindo descer aquela onda gelada que nos percorre a espinha nessas horas: "Fudeu, mané. Vou ter de tirar segunda via de ID, cancelar dois cartões de crédito e sustar 10 cheques." Um trabalhão danado. Lembrei que ainda nem tinha acabado de tirar a segunda via de todos os documentos que perdi no último assalto e, enquanto eu ia pensando nisso, o Picolé calmamente levou a mão direita ao painel onde estava o CD player. E eu pensando: "Coitado do meu amigo, vai morrer num CD player de 500 reais, o Rio de Janeiro tá flórida, cadê nosso direito constitucional à propriedade?" Só que o LOUCO não tirou CD player do painel coisíssima alguma: enfiou o dedinho num discreto botão (tão discreto que mais parecia um clitóris) logo abaixo do aparelho de som e fez soar uma sirene de carro de polícia. Eu olhei em volta, pensando: "Os canas chegaram!, Ai meu pai, danou-se!, Vai ter tiroteio e eu, cheia de compromisso pra hoje, ainda vou ter que sofrer uma neurocirurgia de emergência." Os assaltantes, assim como eu, olharam em volta e se afastaram do carro sem correr. O sinal permanecia vermelho pra gente, mas as pessoas da frente já tinham engatado a primeira e, as de trás, a ré. Solidariedade zero, comme il fault na Lei do Cão. Picolé então fechou seu vidro com toda a calma do mundo, desligou a sirene, ligou o ar condicionado e apenas disse: "Preciso consertar meu ar condicionado. É a segunda vez que isso me acontece."

O sinal abriu, seguimos, eu levei dois minutos pra atinar pro que tinha se passado e passei os dez seguintes gritando e espancando o Picolé, dizendo que ele era doido e que a gente podia ter morrido por isso, olha aí o que houve com o Detonauta que reagiu ao assalto, e patati patatá. Ele só gargalhava. Fiquei tão injetada de adrenalina que cheguei em casa, tomei um banho e me arrumei pra sair em 10 minutos, fato inédito em toda a minha vida. Teria corrido uma maratona em 2 horas se me pusessem uma pilha.

Pensando bem, já sem a sensação de pânico do momento, foi engraçado pra caceta. Mas que isso não me aconteça de novo!