Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, dezembro 05, 2006

O Fantástico Engolidor de Gororobas volta a atacar!


Meu sobrinho, O Cara, o mundialmente famoso e fantástico engolidor de pilhas, provou neste domingo que é mesmo filho de seu pai, meu irmão. Meu irmão vivia envergonhando a família nos restaurantes self-service, onde partia pra dentro das comidas como se tivesse passado meses sem se alimentar e, no final daquela deglutição insana, ia na seção de sobremesas, cortava uma pequena fatia do pudim de leite e colocava no prato não a fatia socialmente aceita no mundo ocidental, mas todo o resto do pudim. O cara era magro de ruim. Não bastasse isso, a fome inesgotável desse nêgo o compelia a ingerir as combinações mais esdrúxulas de comida: feijão com abacaxi em calda, sanduíche de pão com açúcar e nescau, ovo mexido com ketchup e maionese de batata... Enfim: o cara era bizarro.

Pois meu sobrinho de quatro anos, filho legítimo de meu irmão, teve de passar o domingo sozinho com seu pai, porque mamãe Mone, aquela pessoa que dedicadamente cuida da nutrição equilibrada da família, precisou trabalhar. Depois de passar a manhã lavando o carro e gastando energia no play, os dois viram-se encurralados pela fome e acabaram aceitando um convite para almoçar na casa de um amigo de meu irmão, que pelo visto é do tipo que não acredita em combinação de ingredientes, porque como engenheiro e pragmático, sabe que tudo vai parar no mesmo buraco. O resultado da gororoba produzida com toda engenharia por esse chef dominical pode ser vista aqui:




Meu sobrinho não questionou o que havia ali; não perguntou, como toda criança, se tinha peixe, cebola ou pimenta; não fez cara feia; não se fez de rogado. Como o fantástico engolidor de coisas estranhas que é, bateu um bolão dessa gororoba e ainda limpou o prato. Se ele já tivesse idade, teria caído dentro da cerveja também, mas nisso ele pegou leve.

À noite, quando minha cunhadinha chegou, preocupada com a nutrição balanceada de seu filhote, perguntou: "O que você comeu, filhote de ganso?" E ele respondeu, com toda franqueza, que criança não mente:

- Não sei. Só sei que não comi alface.