Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Aí chega a Bayle's Daisy pra bagunçar o coreto!

Era uma vez uma princesa muito bem comportada, que só pegava o sol das crianças, corria 50 minutos a cada dois dias e até trabalhava aos sábados, domingos e feriados quando não tinha que brincar com seu lindo sobrinho. Numa bela noite chuvosa de carnaval, no entanto, a princesa recebeu uma visita que mudaria seu bom comportamento pelo resto do feriado: Tia Daisy, sua amiga mais hiperativa, conhecida internacionalmente por sua incrível capacidade de beber uma garrafa whisky por noite sem ficar bêbada, apesar dos 48 kg, tinha chegado para pular carnaval na Bahia, só que com um fantástico porém: ela o-d-e-i-a (verbo no passado, presente e futuro) música baiana; ou melhor, ela até suporta cantores baianos que fazem boa MPB, mas axé é coisa que lhe dá nos nervos. E ela já não é muito boa dos nervos: tem um sistema completamente nervoso!

Sabendo de tudo isso, a comportadíssima princesa, sempre pensando no bem-estar alheio, entrou na internet e viu-se obrigada a comprar um abadá (eu disse: com-prar-um-a-ba-dá) para ir ao único bloco que Tia Daisy suportaria acompanhar: o único não baiano: o único ovo no churrasco: o de música eletrônica, com Fatboy Slim.

É importante dizer que, para a bela e ex-perdulária princesa, comprar um abadá era como enfiar uma faca no próprio peito; e comprar um abadá pra música eletrônica era como enfiar uma faca no próprio peito e rasgar até a virilha. Esta princesa era muito boazinha e altruísta assim mesmo, só que, neste caso específico, exigiu uma contrapartida da Tia Daisy: iria ouvir o garoto gordo-magro batendo suas estacas, na terça, com PAs que estouram o tímpano do útero de qualquer uma, mas Tia Daisy seria obrigada a acompanhá-la, por sua vez, em todas as pipocas do Barra-Ondina, na segunda e na terça, depois da praia (num reino tão-tão distante).


Pegamos nossos abadás no olho do furacão, o shopping onde funciona a CENTRAL DO CARNAVAL DE SALVADOR. Perrengue, mas pra nossa surpresa, nosso abadá dava direito a camarote VIP da Skol, e a entrega foi feita em local refrigerado, com lounge, garçom e bebidas, bem longe da muvuca. Ou seja, o universo parece conspirar pr'eu exibir minha genitália despudoradamente despida num camarote de celebridades instantaneamente anônimas, mas vai ter de rolar muita conspiração antes que eu exiba minha periquita assim, prum paparazzo qualquer (eu até mostraria prum paparazzo específico, mas deixa eu antes resolver minhas pirações afetivas na joelhaçoterapia antes de pegar firme num lance legal, com um cara maneiro, que não more num reino tão-tão distante).

Vou ter de levar Plasil, Engov e Sonrisal pra não vomitar no camarote, caso eu encontre algum ex-BBB ou um ator-global-de-terceira-que-se-acha (desculpem a redundância) cercado por seguranças, do lado de dentro de um curralzinho VIP.

Reformamos nossos abadás, que são, por definição, camisetas largas e cafonas, de colorido inusitado (ha ha ha), feitas de tecido vagabundo sintético e cheias de logomarcas de patrocinadores que fazem os otários pagantes ainda pagarem o mico adicional de fazer propaganda sem ganhar nada por isso. Pedimos pras costureiras transformarem nossos monstruosos abadás em algo que uma princesa comum pudesse vestir sem se sentir um ogro. Ou seja: um top frente única (e sem propaganda nas costas).

Aqui começa o calvário pipoqueiro da Daisy. Notem que eu estou fantasiada, porque no carnaval não se vai à rua sem fantasia; só os alienígenas e os israelenses estão autorizados a fazer isso, em minha modesta e tirânica opinião. Detalhe: tivemos de tomar umas três doses de Red Label pra conseguir tirar a Daisy de casa. Ela era pura animação (cough, cough).


Daisoca vê o Asa passar -- e quando Durval pede, minha gente, o ASARRÊIA, ARRÊIA, ARRÊIA, ARRÊIA-ARRÊIA (mil vezes, até que você esteja completamente lobotomizado), e aí todo mundo pula ao mesmo tempo, tirando a Terra de sua órbita natural. Daisy não achou a menor graça nessa história de pipoca e quase chorou, pedindo pra voltar pra casa ou pra algum lugar normal onde se venda uísque, pelamordedeus. Mas um gaúcho de Ghandi se apiedou da moça e lhe aspergiu uma água de cheiro mezzo barata, mezzo tradicional, e a Daisy se acalmou. Eu acredito em aromaterapia!

Cerveja a um real: fomos praticamente obrigadas a beber. Bem que a gente não queria, mas um real é um apelo mais do imperativo. Bebemos até criarmos casca pra entrar em um desses banheiros químicos, que vocês não querem saber como é por dentro.

Duas latas depois, Daysoca já sorri no vácuo da pipoca mais massacrante, a do Asa.


Não é por nada, não, mas acho que os filhos de Ghandi já foram mais neguinhos. Acho que a mulher desse tal de Ghandi andou costurando pra fora. Anyway, eloucubrações à parte, o bloco dos meninos de Ganhdi é a maior concentração de gatos (de todas as cores) de Salvador. Mulher não entra, mas com esse filhote de desses aí, como o da foto, dá até vontade de implorar de joelhos pra participar da folia... não como filha, mas como nora de Ghandi. Em inglês, dá quase no mesmo.

As tatuagens adesivas também custam um real. E a gente não cobrou nada pelo sarro que o camelô tirou da nossa pele enquanto pregava o adesivo. Quando eu chegar no Rio, farei uma tatuagem de verdade. Aguardem!


Lá pras tantas, o meu personal filhote de Viking me passa um torpedinho lindo, cujo teor não interessa a ninguém, but us. Eu amo a Dinamarca desde criancinha. Isso deve explicar minha atração pelos produtos da loja com o nome da capital dinamarquesa. É muita coincidência, é ou não é? (UAHAUHA) O Greg vacila, mas ele até que acerta uma parada ou outra.

Fizemos amizade com uns franceses que estavam comprando queijo coalho na mesma barraquinha -- altamente interditável pela vigilância sanitária -- que nós. É claro que eu não me lembro do nome de todos, mas um desses aí se chama Pierre. Eu só decorei porque, na hora, eu associei com o nome homônimo do meu amigo árabe. É tudo muito confuso pro Tico e pro Teco quando eu resolvo beber.


E aqui estão todos os franceses fofos, com meninas lindas que -- surprise, surprise -- se apaixonaram por israelenses em Salvador. Não tô dizendo: a vida é feita de experiências arquetípicas.



Enfim: pipoca é bom demais, galera. Não roubaram meu celular nem minha peruca de diaba; não me beijaram à força; não senti medo em momento algum; não fui esmagada; tinha muita gente feia, mas também muita gente bonita (das quais, 25% eram israelenses); quando rolava uma cantada mais escrota, eu (que ando belicosa) voltava no bêbado escroto e dizia, como um cowboy qualquer: "Você não se acha jovem demais para morrer?". E a festa seguia animada, 3 segundos depois d'eu relaxar meus músculos trincados pra matar ou morrer.

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