Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, outubro 21, 2007

Então é verdade? O mundo é irremediavelmente mau?

Por que eu sempre tenho de escolher os domingos para chorar mais que nos outros dias, eu não sei. Talvez seja porque, aos domingos, eu tenho tempo de pôr a leitura em dia. Leio e-mails iniciados por "FW:", desde que sejam de pessoas que eu gosto muito e não tenham mais de um "FW", porque aí é Fw:Fw:Fw:FoWda. Aos domingos, também tenho tempo pra ler o jornal e entrar nos blogs de alguns dos meus queridos.

E foi numa dessas que eu li, pelo blog da Cora, a matéria da "Isto É" que explica, até pra quem tem preguiça de entender, porque a corrupção é a forma mais cruel de genocídio. Porque a corrupção mata crianças de fome, seu vizinho de dengue e seu melhor amigo de bala perdida. A matéria, da "Isto É" diz basicamente que a multimistura de 3 farinhas baratas, responsável pela redução em 13% da mortalidade infantil por desnutrição nos últimos 30 anos, foi preterida a um alimento industrializado super mais caro e super menos nutritivo (mas super mais lucrativo pros ladrões do planalto central) nas merendas escolares. Uma pediatra que combate no front da mortalidade infantil implorou ao presidente em exercício que reconsiderasse a decisão, mas ele apenas chorou e calou-se. Ao ler um absurdo desses, senti calores no rosto. Cheguei mesmo a ouvir meu sangue correr ao contrário nas veias. Andei nervosamente do quarto à sala, da sala ao quarto, olhos vermelhos colados no chão e cabeça pegando fogo, pensando em como acabar com isso, me sentindo um verme impotente diante do desastre iminente. Eu espero sinceramente que José Gomes Temporão, nosso ministro da Saúde, morra de fome um dia. Não serve nenhuma outra moléstia: tem de ser fome.

E aí, em meio aos meus devaneios desarvorados sobre os suplícios de Tântalo piorados que eu infligiria aos párias da política se fosse Zeus -- um deus humano, vingativo e allmighty --, recebo um e-mail da Bia Petri dizendo, por pura coincidência, que aquilo que eu desejo pro nosso ministro hediondo da Saúde aconteceu, de verdade, com um inocente cão numa exposição de arte: o "artista", se é que se pode chamar um fascínora insensível assim, escreveu numa parede "Eres lo que lees", usando ração canina para formar as letras. Aí, sabe-se lá porquê, esta besta deficiente achou que seria muito bacana colocar sob seu letreiro exótico, que exalava um cheiro forte de comida, um cão subnutrido e faminto, que foi capturado à rua num bairro pobre da Costa Rica, com a ajuda de crianças idem, e preso na "instalação" satânica com um arame curto. O cão morreu, sem água ou comida, no dia seguinte.

A Bia me mandou um link para petição toda civilizada contra este FILHO DA PUTA DESGRAÇADO, mas a mim não basta assinar o documento de repúdio: QUERO QUE ELE RECEBA O MESMO TRATAMENTO QUE DEU A ESTE CÃO! SUPLÍCIO DE TÂNTALO NA VEIA!!!

Sem sacanagem: cheguei à dura conclusão de que não dá pra consertar o mundo, mas se eu tivesse hoje R$3000 no banco, iria ao cu da Costa Rica pra capturar e torturar esse pulha até a morte. Se o câncer é um tecido formado por milhões de células, ao menos uma eu tenho de matar pra não me sentir tão estupidamente impotente diante das atrocidades da vida.

Eu disse vida? Desculpem o fel, mas eu só posso estar delirando!

PS: não tenho coragem de colocar aqui as fotos da "instalação" satânica, que é uma das quatro imagens chocantes que eu mais quero esquecer.