Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

domingo, outubro 07, 2007

Hino Nacional

Juro que não estou de sacanagem, mas graças ao STJ, dia desses me peguei cantarolando o nosso hino enquanto lavava louça. Normalmente eu canto bossa, samba e até Madonna (meu lado Mona), mas de repente eu me dei conta de que o Hino Nacional Brasileiro é foda pra caralho. Quem não sabe do que estou falando, favor clicar no título deste post e aumentar o som. OK, concordo que nosso hino seja um pouco afetado, mas há de se convir que foi feito pra arrepiar os homens e arrancar lágrimas das mulheres. Meu pai, que nesse meu dia ufanista preparava o café da manhã ao meu lado, na pia, também entrou na onda e cantou comigo, transformando a cozinha no local mais patriótico da casa. Não demorou nem duas estrofes, e nós começamos a errar a letra, como qualquer brasileiro padrão. Nada comprometedor, mas entre pais e filhos tudo é motivo pra briga ("É nosso, e não vosso!"; "BRAÇOS FORTES, E NÃO BRAÇO FORTE: AS PESSOAS NORMALMENTE TÊM DOIS BRAÇOS!!!"); então ele, que é ranheta, e por isso cismou que era braços, e não braço, foi lá no computador e imprimiu o hino pra quebrar a cara, e agora esta folhinha fica colada na frente da pia pra evitar querelas.

Já estamos cantando o Hino Nacional sem errar, nem mesmo na parte que fala do "lábaro que ostentas estrelado". Para isto, treinamos por 3 dias seguidos. Imagino que nenhum jogador de futebol tenha tanta disponibilidade de tempo assim, pelo que se vê na TV. Tivemos de nos utilizar, no entanto, de métodos avançados de leitura e interpretação histórica de texto pra poder dar sentido às partes que vivíamos errando. Segue abaixo a letra do hino nacional mais bonito do mundo (depois do da França), com comentários.

HINO NACIONAL
Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva


Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
(Trocando em miúdos, as margens do rio Ipiranga, que nunca ouviam nada de mais, nunca recebiam nenhuma notícia maneira e tocavam sua existência plácida e tranqüila, um dia ouviram o grito de independência - "o brado retumbante" - de nosso povo. Heróico, por sinal. O Brasil era, enfim, uma nação independente, pelo menos em tese.)
E o sol da liberdade (da independência!), em raios fúlgidos (brilhantes),
Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte, (Conquistamos a independência, essa coisa valiosa, com muita luta, mermão... embora isso seja lá uma gorda mentira.)
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte! (Nós desafiamos até a morte para manter nossa soberania, ou seja: se pintar um trelelê, vai sobrar pra geral. Vai ter muita classe média mandando seus filhos pro exterior como desertores e quem vai morrer pela pátria é o pobre do trabalhador de salário mínimo com carteira assinada.)

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce, (Um raio assim-assado desce do céu até a terra)
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece. (Ou seja, sempre que não houver nuvens no céu, veremos a imagem do Cruzeiro do Sul, uma das nove constelações representadas em nossa bandeira)


Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
(Esta estrofe me deixa TODA ARREPIADA: é a única que personaliza o hino; se não fosse por ela, que diz que o Brasil é um gigante territorial e lindo -- e é, gente, é sim! -- e pela ligeira alusão ao dia da independência às margens do Ipiranga, este hino poderia ser de qualquer outro país).


Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!



Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; (teus risonhos, lindos campos têm mais flores que qualquer outro lugar vistoso)
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." (eu não entendo as aspas, alguém entende?)

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado, (que a bandeira -- ou lábaro -- estrelada seja símbolo de amor eterno; nossa bandeira já teve 21, mas agora são 27 estrelas: 26 pros estados e uma pro DF )
E diga o verde-louro dessa flâmula (m.q. bandeira)
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte, (Se pintar um trelelê diplomático...)
Verás que um filho teu não foge à luta, (...o Brasil verá que seus filhos não fugirão do serviço militar obrigatório, até porque o tráfico paga bons salários pra quem sabe manusear um fuzil e reconhece "o olho ruim do gato" no paiol.)
Nem teme, quem te adora, a própria morte. (Quem adora o Brasil não teme nem a morte, mas eu acho isso um pouco exagerado; eu amo meu país, mas não gostaria de morrer pela pátria, não. Aliás, tenho medo de morrer e ponto. Tenho medo até de gripe.)

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!