A falta que vovó me faz.
Ontem foi dia de Saint Patrick. "Who the hell is he?", eu perguntei pra um amigo inglês que está passando uns dias aqui no Rio. Ele falou que não faz idéia, mas sabe que em dia de São Patrick neguzinho enche a cara. Ele deu um chêgo lá no Shenanigan's e pagou 16 contos numa guiness, e eu perguntei: "Por que tão cara?" E ele praticamente respondeu: "porque é dia de São Patrick".
Domingo eu fui tomar café da manhã com o Joel e com a Monica L e vi uma pá de gente carregando uns raminhos pra lá e pra cá. Tive um feeling de que aquilo era troço de igreja e liguei correndo pra minha mãe pra perguntar: "Por que a galera terceira idade está carregando galinhos pra lá e pra cá?" Ela levou as mãos à cabeça (imagino) e lembrou que tinha perdido a missa de ramos. Perguntei o que diabos era a missa de ramos, e ela responde que era uma missa antes da Páscoa. Fez-se um silêncio de 20 segundos e como ninguém falava nada, insisti: "Hum, e daí?". Daí que ela não sabia.
Todo ano, eu passo por essa crise católico-existencial. Com a chegada da Páscoa e desse monte de coisa misteriosa que vem a reboque -- coelho, ovo de chocolate escondido (e por que escondido, meu deus?!? ) e bacalhau --, vou ficando angustiada de não entender do que se trata este feriado. Pros outros eu cago dez baldes, mas eu tenho uma ansiedade realmente brutal de entender a Páscoa, e a ansiedade é tanta que todo ano eu me informo, e todo ano eu esqueço. Algo como o Feitiço do Tempo, mas só pras informações relevantes à Páscoa.
Eu não entendo a cabeça de quem deu de achar que chocolate combina muito bem com bacalhau, mas se minha avó estivesse aqui, ela me explicaria tudo. Ela, sim, sabia de tudo. Se bobear, sabia até patrono de quê é o São Patrício e porque o ovo de chocolate dele é uma caneca de guiness. Ela tinha explicação pra tudo, curtia tudo, comprava bacalhau já em dezembro, deixava de molho desde janeiro, em fevereiro já tinha escondido todos os ovos pela grama de sua casa, e aí, quando a Páscoa chegava, ela fazia uma cara bem serena, de quem já estava com o almoço de domingo prontinho pra esperar os netos, se sentava naquele sofá atracada com uns novelos de linha e uma agulha de crochê e ia tecendo as histórias que todo o ano me repetia como se fosse pela primeira vez.
Ah, que saudades eu tenho da minha avó!
Domingo eu fui tomar café da manhã com o Joel e com a Monica L e vi uma pá de gente carregando uns raminhos pra lá e pra cá. Tive um feeling de que aquilo era troço de igreja e liguei correndo pra minha mãe pra perguntar: "Por que a galera terceira idade está carregando galinhos pra lá e pra cá?" Ela levou as mãos à cabeça (imagino) e lembrou que tinha perdido a missa de ramos. Perguntei o que diabos era a missa de ramos, e ela responde que era uma missa antes da Páscoa. Fez-se um silêncio de 20 segundos e como ninguém falava nada, insisti: "Hum, e daí?". Daí que ela não sabia.
Todo ano, eu passo por essa crise católico-existencial. Com a chegada da Páscoa e desse monte de coisa misteriosa que vem a reboque -- coelho, ovo de chocolate escondido (e por que escondido, meu deus?!? ) e bacalhau --, vou ficando angustiada de não entender do que se trata este feriado. Pros outros eu cago dez baldes, mas eu tenho uma ansiedade realmente brutal de entender a Páscoa, e a ansiedade é tanta que todo ano eu me informo, e todo ano eu esqueço. Algo como o Feitiço do Tempo, mas só pras informações relevantes à Páscoa.
Eu não entendo a cabeça de quem deu de achar que chocolate combina muito bem com bacalhau, mas se minha avó estivesse aqui, ela me explicaria tudo. Ela, sim, sabia de tudo. Se bobear, sabia até patrono de quê é o São Patrício e porque o ovo de chocolate dele é uma caneca de guiness. Ela tinha explicação pra tudo, curtia tudo, comprava bacalhau já em dezembro, deixava de molho desde janeiro, em fevereiro já tinha escondido todos os ovos pela grama de sua casa, e aí, quando a Páscoa chegava, ela fazia uma cara bem serena, de quem já estava com o almoço de domingo prontinho pra esperar os netos, se sentava naquele sofá atracada com uns novelos de linha e uma agulha de crochê e ia tecendo as histórias que todo o ano me repetia como se fosse pela primeira vez.
Ah, que saudades eu tenho da minha avó!
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