VanOr de volta às aulas
Há cerca de 10 anos, eu morri na praia na única pós-graduação que fiz na vida, a especialização em Homeopatia Veterinária no Instituto Hahnemanniano do Brasil. O motivo, ridículo: não escrevi minha monografia. Como se eu não gostasse de escrever. Isto sempre foi um motivo de vergonha pra mim, mas o que importa é que agora eu voltei, e voltei para ficar porque aqui, aqui é meu lugar. As aulas que assisti neste final de semana me fizeram ter certeza disso.
Pecuária orgânica (Prof. Lilian Rangel)
Vocês sabiam que a alface hidropônica é completamente poluída por agrotóxicos? E mesmo assim, o hortifruti tem o mal hábito de colocar a gôndola dos hidropônicos, tão limpinhos, bem ao ladinho daqueles tomates feios e esmirrados, opacos (porque não foram lustrados com cêra de agente laranja), superfaturados por causa do selo de produto orgânico? Depois da aula de sexta, aqui em casa só entrarão batata, tomate e morango orgânicos. O DDT não compensa, e não deve ser à toa que tantas pessoas jovens têm aparecido com câncer apesar da falta de histórico familiar.
Também gostei de saber que para um produto ostentar o selo de orgânico, a fazenda auto-sustentável do produtor passa por uma rigorosa e permanente avaliação multidisciplinar do solo, pasto, animais e pessoas. O ambiente deve estar livre de defensivos, os animais não podem usar medicamentos alopáticos (aí entram a homeopatia, a acupuntura e a fitoterapia como alternativas terapêuticas) -- 3 tratamentos alopáticos na vida, e a vaca sai da linha de produção para virar mascote da fazenda, com direito a assistir TV na sala e lacinhos de cetim na testa --, devem ter uma boa qualidade de vida, e as pessoas que trabalham na fazenda devem ter os filhos na escola e seus direitos constitucionais à saúde, alimentação, moradia, etc, completamente assegurados. O produtor orgânico é muito mais que um rostinho bonito, como o Marcos Palmeira: ele é uma pessoa orgânica e integral, um ser humano de verdade, e não um monstro que confina vacas e galinhas num espaço que mal comporta o tamanho de seus corpos, transformando-as em tristes máquinas de produzir ovos e leite.
Não se admirem se eu, dentro de poucos dias, me tornar vegetariana novamente. Ovo-lacto, é claro, mas só se o ovo e o "lacto" forem orgânicos.
Comportamento Animal (Prof. João Telhado)
O Telhado, maior autoridade em terapia comportamental no país, é uma figurinha rara. Com um sotaque português fortíssimo e humor ácido, suas aulas são divertidíssimas e a única coisa que eu detesto nelas são os alunos exibicionistas que sempre têm um causo pra contar, mas cujos relatos nunca acrescentam nada à aula, pelo contrário: só tomam o tempo do professor e a paciência dos alunos mais elevados, como, obviamente, eu. Tudo bem, compreendo que o tema seja extremamente agradável e sei que praticamente todas as pessoas que tenham ou gostem de bichos se identificam plenamente com os assuntos que dele derivam, mas peralá: que tipo de ser humano interrompe um professor de pós-graduação, num curso caro, cobrado por aula, para dizer que meu gato faz essa coisa fofa, e o gato do vizinho faz essa coisa feia? Sinceramente, em certas pessoas a gente devia enfiar uma mordaça ou um daqueles colares que soltam choque elétrico toda vez que daquela goela brota um comentário impertinente. Não seria uma forma orgânica de tratar o coleguinha, eu admito, mas acho que ainda tenho de comer muito capim até chegar a Marcos Palmeira.
Pecuária orgânica (Prof. Lilian Rangel)
Vocês sabiam que a alface hidropônica é completamente poluída por agrotóxicos? E mesmo assim, o hortifruti tem o mal hábito de colocar a gôndola dos hidropônicos, tão limpinhos, bem ao ladinho daqueles tomates feios e esmirrados, opacos (porque não foram lustrados com cêra de agente laranja), superfaturados por causa do selo de produto orgânico? Depois da aula de sexta, aqui em casa só entrarão batata, tomate e morango orgânicos. O DDT não compensa, e não deve ser à toa que tantas pessoas jovens têm aparecido com câncer apesar da falta de histórico familiar.
Também gostei de saber que para um produto ostentar o selo de orgânico, a fazenda auto-sustentável do produtor passa por uma rigorosa e permanente avaliação multidisciplinar do solo, pasto, animais e pessoas. O ambiente deve estar livre de defensivos, os animais não podem usar medicamentos alopáticos (aí entram a homeopatia, a acupuntura e a fitoterapia como alternativas terapêuticas) -- 3 tratamentos alopáticos na vida, e a vaca sai da linha de produção para virar mascote da fazenda, com direito a assistir TV na sala e lacinhos de cetim na testa --, devem ter uma boa qualidade de vida, e as pessoas que trabalham na fazenda devem ter os filhos na escola e seus direitos constitucionais à saúde, alimentação, moradia, etc, completamente assegurados. O produtor orgânico é muito mais que um rostinho bonito, como o Marcos Palmeira: ele é uma pessoa orgânica e integral, um ser humano de verdade, e não um monstro que confina vacas e galinhas num espaço que mal comporta o tamanho de seus corpos, transformando-as em tristes máquinas de produzir ovos e leite.
Não se admirem se eu, dentro de poucos dias, me tornar vegetariana novamente. Ovo-lacto, é claro, mas só se o ovo e o "lacto" forem orgânicos.
Comportamento Animal (Prof. João Telhado)
O Telhado, maior autoridade em terapia comportamental no país, é uma figurinha rara. Com um sotaque português fortíssimo e humor ácido, suas aulas são divertidíssimas e a única coisa que eu detesto nelas são os alunos exibicionistas que sempre têm um causo pra contar, mas cujos relatos nunca acrescentam nada à aula, pelo contrário: só tomam o tempo do professor e a paciência dos alunos mais elevados, como, obviamente, eu. Tudo bem, compreendo que o tema seja extremamente agradável e sei que praticamente todas as pessoas que tenham ou gostem de bichos se identificam plenamente com os assuntos que dele derivam, mas peralá: que tipo de ser humano interrompe um professor de pós-graduação, num curso caro, cobrado por aula, para dizer que meu gato faz essa coisa fofa, e o gato do vizinho faz essa coisa feia? Sinceramente, em certas pessoas a gente devia enfiar uma mordaça ou um daqueles colares que soltam choque elétrico toda vez que daquela goela brota um comentário impertinente. Não seria uma forma orgânica de tratar o coleguinha, eu admito, mas acho que ainda tenho de comer muito capim até chegar a Marcos Palmeira.
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