Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, abril 09, 2008

Probrema meu!

No final de semana passado, tive aulas da pós em homeopatia veterinária, curso que eu já deveria ter concluído há uma década, mas não o fiz por pura má vontade de escrever uma monografia. Agora voltei à escola pra ter aulas das matérias que surgiram nesse ínterim e cursar Metodologia Científica para, assim, entender de uma vez por todas pra que diabos serve uma monografia.

Há dez anos, pelo menos no IHB, a monografia era apenas um pré-requisito sem sentido para a conclusão do curso. As monografias dessa época que estão lá na biblioteca são prova disso, e em minha defesa tenho a dizer que, há dez anos, eu preferia (e ainda prefiro) escrever o roteiro duma temporada insuportável inteira de Malhação a redigir um singelo relato de caso de sarna tratada com Sulphur (Ah, Samuca, por favor, me poupe!).

Minha professora de Metodologia, Lilian -- um angel com "R" na frente -- explicou pra turma neste sábado o que é um problema científico. Fiquei encantada! O problema científico é a chave da investigação científica, e tenho espamos de terror toda vez que penso no destino da Humanidade caso cérebros pensantes não tivessem dedicado imensa parte de suas vidas para elucidar esses mistérios tão intrigantes de nosso dia-a-dia. Tomem Newton como exemplo: ele poderia ter ficado putinho e até irritadinho porque uma maçã caiu em sua cabeça, mas em vez disso gastou alguns zilhões de seus fantásticos neurônios tentando explicar por que uma maçã cai da árvore, em vez de flutuar. Bendito problema científico, bendito Isaac, bendita maçã!

Aí chega minha vez de formular um problema científico com a homeopatia, que já é, por definição, uma espécie de patinho feio da ciência por não produzir, através de uma mesma receitinha de bolo, os mesmos resultados em todos os indíviduos. Isto porque a homeopatia individualiza os pacientes, e como não há um ser vivo igual ao outro, de forma geral, fodeu pra homeopatia! Minha primeira pergunta pré-problemática científica é, obviamente: será que algum cientista vai se rir de mim se eu tentar insinuar que homeopatia é ciência, e não bruxaria? Aí eu me aprumo melhor, ponho-me mais orgulhosa e dona do meu nariz, e questiono: e quem os cientistas pensam que são pra achar que sabem de tudo? Aí então, com o ego super inflamado, dispo-me de toda e qualquer humildade e digo: agora quem vai ser cientista aqui sou eu!

Preparem-se, meus queridos, que titia VanOr está fazendo planos mirabolantes de rodar a baiana nesse métier de gente que engoliu um cabo de vassoura! Nos últimos dias, tenho deitado a cabeça atormentada (pelos problemas científicos) no travesseiro, fazendo mil promessas mentais de experimentar, testar, placebar, comparar, microfilmar, provar, esfregar no nariz do cético, publicar e o diabo a quatro! Dia desses, fui até a uma feira educacional pra ver o que a Austrália, a França, o Canadá, o RU e os EUA têm pra me oferecer em termos de linhas de pesquisa. Tipo assim: digas-me o que pesquisas, que eu te direi qual é o meu probleminha científico. Hacemos qualquer business, mon chéri, mas desde que haja bolsa, heim! Desta forma, pode-se fazer ciência e turismo, por que não? A vida não precisa ser chata se a gente souber se organizar.

Amigos, estou avisando: se existe algum manual de decoro ou etiqueta nesse ambiente asséptico, inodoro, incolor e insosso da ciência, é melhor me avisarem logo, porque eu estou chegando quente, que é pra já ir fervendo!

PS pros pesquisadores sérios que porventura lêem meu blog: vocês não têm problemas científicos cruciais pra resolver, não? Ah, me deixem em paz! :o)))))