Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quinta-feira, julho 17, 2008

Teatro infantil


Tudo começou quando eu trouxe pra casa "Saneamento Básico, o filme". Já tinha assistido e amado, mas queria que meus pais, que adoram cinema-improviso com sotaque italiano, também apreciassem a comédia. Conforme previsto, meu pai ficou extremamente fascinado com a indumentária do monstro do lago, interpretado no filme por Wagner Moura. E talvez por causa do clima "foi feito por mim" que a fita inspira, minha mãe teve a estupenda idéia de montar uma peça teatral na festa de aniversário de meu sobrinho, este ano. Para meu choque e horror, meu pai aceitou, mas com a seguinte condição:
- Eu quero ser o monstro!



O Monstro do Lago (Saneamento Básico, o Filme)

Minha mãe não quis fazer peça de monstro, claro, pois a peça tinha de transmitir uma mensagem maneira, e peça com monstro faz com que metade das crianças chorem e metade queira matar o monstro, o que pode prejudicar a peça, o cenário e a mensagem maneira. Então ela descolou uma peça com 3 personagens, onde um deles é astronauta. Para atender à necessidade visceral do meu pai de usar um figurino maneiro, digno do monstro do lago, minha personal mamma, diretora-produtora-e-livre-adaptora de peças permitiu que meu pai ficasse com o papel do astronauta. Antes de ler o texto, antes de saber do que se tratava a peça, antes de reclamar que não queria cantar, dançar e nem se movimentar em cena, ele passou dias percorrendo lojas do SAARA e sites exóticos de artigos de pesca para buscar sua fantasia de astronauta. Veio me mostrar a foto da roupa que acabara de comprar online:

- E aí, o que achou?
- É branca. Funciona. Mas será que as crianças vão conseguir te ouvir de dentro desse uniforme de apicultor? Ele me parece hermeticamente isolado do meio externo.
- É esta a idéia!
- Então você talvez precise de um escafandro.
- Tem razão. Vou resolver isto.


E meu pai passou mais alguns dias buscando uma solução criativa pras crianças acreditarem que ele é realmente um astronauta, e não um domador de abelhas.

Então dia desses o vejo com a roupa de apicultor e o pescoço cheio de colares de neon em cores fosforescentes.
- O que você acha dos meus acessórios de astronauta?
- Não sei. Meio drag. Desistiu do escafandro?
- Pensei num cinto cheio de ferramentas.
- Pra quê?
- Pra consertar meu foguete.
- Você vai conseguir se movimentar em cena com esse pescoço duro, esse macacão impávido-colosso e o cinto cheio de ferramentas pesadas?
- Ora, você não viu o homem pisando na lua? Astronautas se movem muito pouco.


Algo me diz que as crianças vão odiar a peça, mas eu e minha mãe teremos motivo para rir do meu pai por muitos e muitos anos!