Heart needs a home
Não quero parecer piegas, mas hoje foi um dia especialmente romântico, não só para mim, como também pra muita gente boa que eu conheço. Prova disso é que até no
Blog da Cora Rónai, um post com a fotografia de dois latões de lixo - um verde, outro laranja - sob o título "Casal", disseminou suspiros enamorados.
Quem passa a vida como eu, pulando tresloucadamente de paixão em paixão - às vezes voltando rapidinho numa ou noutra mal resolvida pra ver se é isso mesmo, se caput, finito, bau-bau -, num dado momento atinge um estado quase terminal de fadiga romântica. Parece coisa grave, mas eu digo de cadeira que esse tipo de canseira é efêmera: dura não mais que 72 horas. Mas são 72h intensas, nas quais todos os amigos são alardeados com a bombástica notícia de que:
Hoje eu trago apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Tudo mentira, é claro.
Meu coração, coitado, está todo roto e amarfanhado dos altos e baixos dessa montanha russa emocional. Ainda fico impressionada com o fôlego desse músculo estriado que não desanima: cai, sacode a poeira e dá a volta por cima. Porém há dias, como hoje, em que ele faz que vai parar de bater à simples visão de um casal de namorados perdidos no colo um do outro. Eu me preocupo com o pobrezinho, me lhe escapam as palavras de conforto e eu, num misto de fé e auto-comiseração, murmuro pra dentro (pra ele, meu coração): "Güenta firme, meu véio, nossa hora há de chegar." E seguimos nós dois - rotos, remendados, um olho vazado e mancando das duas pernas -, rumo ao desconhecido.
O amor, esse velho desconhecido. O amor, minha pátria e meu lar.
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