Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

quarta-feira, maio 02, 2007

Frente fria

Se houvesse um imposto por lágrima derramada, eu seria a pessoa mais ferrada de grana da face da Terra. Eu choro de todos os jeitos possíveis e imagináveis: pra dentro, pra fora, rindo, soluçando, xingando e gritando com duas veias me saltando da testa, escondida atrás de óculos escuros, sob dois travesseiros, tomando banho, debruçada na janela, lavando louça, lendo no ônibus, tomando café enquanto leio a primeira página, recebendo presentes, falando do passado, do presente, do futuro, enfim: eu choro à vera.

Quando eu era universitária e achava que sabia tudo de tudo, eu tinha certeza a-b-s-o-l-u-t-a de que meu choro era estrogênico. Acontece que eu choro no estro, no proestro, e choraria no anestro (fase sem "estro", sem cio), se essa parte do ciclo estral existisse nas mulheres. Ou seja: TPM não é desculpa pr'eu chorar, embora eu chore (um tiquinho) mais na TPM, só pra aliviar o edema e controlar o peso.

Hoje chorei no ônibus pro trabalho, no trabalho, no ônibus do trabalho pra academia, chorei quando liguei pra minha analista e atendeu a secretária eletrônica, chorei enquanto me vestia pra correr (e, nesse momento, eu pensei: já que eu estou chorando há cinco horas direto e ainda vou correr -- e chorar e correr são duas coisas que emagrecem --, vou comer duas empadas de chocolate), chorei enquanto comia as duas empadas de chocolate (eu tinha que enfiar o pé na jaca, tinha!), chorei quando minha analista me ligou de volta e eu disse que estava chorando direto, chorei fazendo musculação e chorei enquanto me alongava.

Acho que hoje foi o dia em que eu mais chorei na vida. Deve ser a frente fria.