Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, maio 01, 2007

Profissão: Pára-raio de maluco

Não sei se porque sou distraída ou se porque também sou maluca, mas hoje eu descobri que eu tenho um magnetismo pessoal pra atrair doidos varridos. Toda sorte de gente me aborda na rua, quase toda semana, continuando uma conversa que não faz o menor sentido pra mim:

- Cara, esqueci de deixar contigo aquele lance!
- Que lance? Como assim, "lance"? (sou eu, com medo de ser assaltada com o golpe do "lance", o que quer que seja isto)
- O lance da loja.
- Ah... (dando ré) Você está me confundindo com alguém...
- Tu não é a Marisa?!? - o maluco está bolado.
- Nã.
- Irmã da Marisa?
- Nã, nã-não. Eu devo ser muito parecida com a Marisa... Normal. Eu sou mesmo um tipinho muito vulgar. Todo mundo diz que eu me pareço com alguém. (sou eu, atacando de maluca pra espantar meu rival)

E não bastasse isso, que, como eu disse, acontece comigo toda semana desde que eu me dou por gente, às vezes alguém me pára na rua pra pedir um autógrafo:
- Plis, Uainona Raider! Um autográf!
- Eu não sou a Winona Ryder.
- Conta outra! - e me cutuca com o papel e a caneta, já se colocando em posição estratégica pra tirar um auto-retrato comigo.


Às vezes, eu dou o autógrafo pra me livrar do maluco. Às vezes, eu me invoco:
- SE EU FOSSE A CARLA MARINS, VOCÊ ACHA QUE EU ESTARIA NUM 592, SEU DOIDO DE PEDRA?!


***

Hoje entrei no Skype e recebi uma mensagem instantânea dum holandês absolutamente desconhecido. Ele dizia, em cerca de 200 palavras, que estava vendendo um restaurante na Espanha pra vir morar no Brasil. Queria casar comigo. Respondi:
- Que legal. Mas a gente se conhece de algum lugar?
- Não. Mas podemos. Chego no Brasil em maio.
- Hum. E, até lá, a gente pode casar.
- Eu adoraria!
- Eu também, querido, mas sabe... é que eu não costumo casar com gente estranha.
- Se a gente se conhecer, eu não serei mais estranho pra você.
- Não... você vai, sim. Vai por mim: vai, sim. Vai ser sempre estranho olhar pra você e lembrar que você me pediu em casamento sem nem me conhecer. É uma atitude muito desesperada. Nem eu fiz isso ainda.
- Será que não dá pra gente esquecer isso?
- Hum... acho que não.
- OK, a gente se fala então.
- OK, eu não te ligo e você não me procura.
- Não entendi.
- É como os cariocas se despedem. É um jeito fofo, franco e carinhoso de dizer tchau.
- Ah, tá. Então, tchau. Eu não te ligo e você não me procura.
- That's my boy!

***

Alguém sabe como eu faço pra evitar que os malucos me encontrem no Skype? Não uso o Skype pra conhecer novos malucos, e sim pra manter contato com os malucos antigos. A cada vez que entro, é um choque que eu tomo. Pra mim, é tudo artimanha d'Aquele que Tudo Sabe, Tudo Vê e Tudo Faz Pra Me Enlouquecer.