Este é o meu quartinho de bagunça. Da embalagem vazia de Chokito ao último livro do Saramago que eu não terminei de ler, você encontrará aqui de tudo um pouco.

terça-feira, junho 05, 2007

Campanha do agasalho 38

Hoje um leitor deste quartinho, o Nelson, revelou em público uma coisa que me deixou extremamente enternecida e até um pouco assanhada, no sentido não bíblico ma non troppo: o leitor (ou melhor, sua mãe fofa) tentou deixar na agência, com meu gerente do Banco Real, o Flávio Felipe, um agasalho comprado na Zara para mim.

Quando o Nelson falou em agasalho -- e "agasalho" é um termo muito comum entre os benfeitores que chamam sopa de refeição e pipa de brinquedo--, imaginei, com toda a sinceridade do meu coração, que ele tivesse delirado a parte da mensagem que falava em "Zara", e pensei que se tratasse de uma caridade como outra qualquer: tipo assim, uma coisinha velha e puída para pessoas puídas e carentes. A gente nunca imagina que será vítima (ou beneficiária, como queiram) da caridade alheia e, quando isso acontece, nosso primeiro impulso é estender a mão aos céus e agradecer: Obrigada, Diet Coke!

Na verdade, odeio o mar de lama que macula a potencialidade da palavra "caridade" -- estudei em escola católica, e sei bem o que os cristãos entendem por caridade! No entanto, mesmo sem dar esse nome aos bois, minha família paterna sempre teve por hábito esvaziar os armários antes do inverno pra dar uma força pros desagasalhados de Miguel Pereira. Pra quem não conhece esta cidadezinha cravada nas montanhas do sul do estado do RJ, lá os termômetros batem entre 2 e 10 graus nesta época do ano: o frio é uma dureza!

Pois o Nelson, vítima das mesmas chantagens emocionais que faço contra o meu gerente do Real, o pobre do Flávio Felipe, aparentemente comprou, sim, um agasalho Zara tamanho 38, que aparentemente não é vermelho (mas o importante é o gesto!). E eu venho por meio deste humilde post dizer que sim, Nelson, eu aceito, mesmo não sendo vermelho, seu agasalho e sua mão em casamento. No entanto, a elegância me compele a dizer que a minha oferta de casamento é válida somente até o dia 12 de junho, pois eu preciso estar solteira no dia de Santo Antônio pra ter uma chance de apelar pro santo.

Agora... eu vou ficar vermelha de vergonha se você disser que esta oferta é válida apenas para um agasalho e que o casamento está fora de cogitação: é que, de onde eu vim, quando um homem oferece um agasalho a uma moça (honesta, limpinha e educada), ele quer mesmo é se casar com ela. (é claro que eu estou brincando: vim de um lugar muito mais evoluído!)